Rio de Janeiro, 20 de Setembro de 2024

STF chama para si as denúncias de Tacla Duran contra Moro e a Lava Jato

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Terça, 23 de Maio de 2023 às 16:53, por: CdB

Os casos remetem à lavra do ministro Ricardo Lewandowski, hoje aposentado, que havia tomado a mesma decisão, sem no entanto que fosse levada a termo. Toffoli solicitou, então, informações sobre o descumprimento dessa medida.


Por Redação - de Brasília

Em meio às adversidades que magistrados federais enfrentavam, nesta terça-feira, com o afastamento do juiz Eduardo Appio, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli suspendeu duas ações penais relacionadas ao caso Tacla Duran, que estavam em andamento na 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba. Na mesma decisão, determinou que cópias dos processos sejam enviadas ao STF e passarão a ser examinadas por Toffoli, nomeado o relator dos casos.

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O ministro Toffoli assume parte dos casos julgados pelo ex-ministro Ricardo Lewandowski


Os casos remetem à lavra do ministro Ricardo Lewandowski, hoje aposentado, que havia tomado a mesma decisão, sem no entanto que fosse levada a termo. Toffoli solicitou, então, informações sobre o descumprimento dessa medida.

Odebrecht


O advogado Rodrigo Tacla Duran figura como réu por lavagem de dinheiro em relação à empreiteira Odebrecht, no âmbito da ‘Operação Lava Jato’ e é apontado como um dos operadores das offshores criadas pelo "departamento de propina da Odebrecht”. Ele teria recebido R$ 36 milhões de empreiteiras investigadas pela operação, entre elas a UTC, Mendes Júnior e EIT.

Tacla Duran chegou a ser preso por três meses na Espanha em 2016. Por sua ascendência espanhola, no entanto, o advogado foi liberado após recorrer ao sistema judiciário espanhol. Desde então, Duran acusa o ex-juiz parcial e incompetente Sérgio Moro, hoje senador pelo União Brasil do Paraná, e o ex-coordenador da Lava Jato e deputado cassado, Deltan Dallagnol (Podemos-PR), de tentativa de extorsão para evitar que fosse preso durante a operação.

 Em 2019, Tacla Duran afirmou ter feito um pagamento inicial de US$ 612 mil a um advogado ligado a Sergio Moro, chamado Marlus Arns, que havia trabalhado com Rosângela Moro, esposa de Sergio. O advogado alega que se recusou a pagar o restante e, por isso, teve a prisão decretada por Curitiba.

Um abuso


Ainda nesta manhã, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o ‘Kakay’, citado como um dos maiores criminalistas do país, a decisão do Conselho do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), da véspera, de afastar o juiz Eduardo Appio da 13ª Vara Federal de Curitiba e, por consequência, dos processos da Lava Jato, representa "um abuso inominável".

Ao afastar o juiz, o TRF-4 atendeu a uma representação protocolada pelo desembargador Marcelo Malucelli, da 8ª turma do tribunal, que acusou Appio de ameaça por um suposto telefonema feito ao seu filho, João Eduardo Barreto Malucelli, fora do horário de expediente do Judiciário.

Na ligação, uma pessoa que teria se passado por um servidor da Justiça Federal e que, segundo a representação, seria Eduardo Appio, questionou se João era mesmo filho do desembargador e supostamente fez perguntas com tom ameaçador.

Salomão


Em uma entrevista exclusiva ao portal de notícias UOL, nesta manhã, Rodrigo Tacla Duran também criticou a decisão que afastou o juiz Eduardo Appio.

Para Tacla Duran, trata-se de uma "decisão liminar absurda do TRF-4" e que deve ser entendida como "mais uma tentativa para afastar o juiz natural da 13ª Vara Federal de Curitiba".

— Extrapolaram a competência e a prevenção do Conselho Nacional de Justiça e do ministro Luís Felipe Salomão — disse.

Segundo o advogado, o CNJ "já conhecia a matéria”.

— As questões afetas ao desembargador Malucelli e o relacionamento de seu filho com Sergio Moro já são processadas e conhecidas pelo CNJ em um pedido de providencias (…) vinculado a reclamações disciplinares promovidas por mim e pelo senador Renan Calheiros — concluiu.

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