Na despedida do TSE, Barroso lista tentativas golpistas de Bolsonaro

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Publicado Quinta, 17 de Fevereiro de 2022 às 13:46, por: CdB

Barroso deixará a presidência do TSE na próxima terça-feira, após os quase dois anos em que organizou uma eleição municipal ainda no primeiro ano da pandemia da covid-19, criou uma comissão de transparência com um indicado das Forças Armadas e fez parcerias com redes sociais para evitar compartilhamentos de desinformações.

Por Redação - de Brasília
Em seu último ato na Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso fez um balanço de seu mandato e ressaltou os desafios enfrentados diante da “repetição mambembe” dos atos golpistas do ex-presidente norte-americano Donald Trump por seu seguidor, oo presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Barroso foi eleito para um mandato de dois anos à frente do TSE, que vence pouco antes das eleições
Barroso deixará a presidência do TSE na próxima terça-feira, após os quase dois anos em que organizou uma eleição municipal ainda no primeiro ano da pandemia da covid-19, criou uma comissão de transparência com um indicado das Forças Armadas e fez parcerias com redes sociais para evitar compartilhamentos de desinformações. Em seu discurso de despedida, nesta terça-feira, Barroso lembrou as tentativas de desacreditar o processo eleitoral e reafirmou que "vocações autoritárias" em várias partes do mundo buscam desacreditar o processo eleitoral. — Aqui no Tribunal Superior Eleitoral procuramos fazer a nossa parte na resistência aos ataques à democracia. Aliás, uma das estratégias das vocações autoritárias em diferentes partes do mundo é procurar desacreditar o processo eleitoral, fazendo acusações falsas e propagando o discurso de que “se eu não ganhar houve fraude” — disse.

‘Ativos valiosos’

Ainda segundo o magistrado, Bolsonaro incorreu na “repetição mambembe do que fez Donald Trump nos Estados Unidos, procurando deslegitimar a vitória inequívoca do seu oponente e induzindo multidões a acreditar na mentira. Em reação às estratégias antidemocráticas, o TSE, para além dos pronunciamentos incisivos de seu presidente e outros ministros, tomou uma série de medidas concretas”. Barroso também discorreu acerca do respeito às instituições e à preservação da democracia. Para o ministro, são "ativos valiosos" para o país que deseja ser um ator global relevante. Por isso, segundo o presidente do TSE, a "marca Brasil" está desvalorizada no mundo, e nossos dirigentes não são hoje bem-vindos em nenhum país democrático e desenvolvido. — Num mundo que assiste preocupado à ascensão do populismo extremista e autoritário, recendendo a fascismo, a preservação da democracia e o respeito às instituições passaram a ser ativos valiosos, indispensáveis para quem queira ser um ator global relevante. Não é de surpreender que dirigentes brasileiros não sejam hoje bem-vindos em nenhum país democrático e desenvolvido do mundo — constatou.

Confronto

Para o ministro, em um trocadilho, “a coisa anda ruça”. — E, nos eventos multilaterais, vagam pelos corredores e calçadas sem serem recebidos, acumulando recusas em pedidos de reuniões bilaterais. Como já disse anteriormente, a marca Brasil vive um momento de deprimente desvalorização mundial. Passamos de um país querido e admirado internacionalmente a um país olhado com desconfiança e desprezo — acrescentou. Também no discurso, Barroso disse que "nos últimos tempos" a democracia e as instituições "passaram por ameaças das quais acreditávamos já haver nos livrado”. Ele citou, por exemplo, as manifestações em frente ao Exército que pediam a volta da ditadura militar; o desfile de tanques de guerra em Brasília e a ordem para que caças sobrevoassem a Praça dos Três Poderes. — Nos últimos tempos, a democracia e as instituições brasileiras passaram por ameaças das quais acreditávamos já haver nos livrado. Não foram apenas exaltações verbais à ditadura e à tortura, mas ações concretas e preocupantes, que incluíram: comparecimento a manifestação na porta do comando do Exército, na qual se pedia a volta da ditadura militar e o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal; desfile de tanques de guerra na Praça dos Três Poderes, com claros propósitos intimidatórios; ordem para que caças sobrevoassem a Praça dos Três Poderes, com a finalidade de quebrar as vidraças do Supremo Tribunal Federal, em ameaça a seus integrantes; comparecimento à manifestação de 7 de setembro, com ofensas a ministros do STF e ameaças de não mais cumprir decisões judiciais; pedido de impeachment de ministro do STF em razão de decisões judiciais que desagradavam; ameaça de não renovação de concessão de emissora que faz jornalismo independente; agressões verbais a jornalistas e órgãos de imprensa , entre outras — resumiu.
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