Cid entrega vídeo que coloca Bolsonaro no comando do golpe

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Publicado Sexta, 09 de Fevereiro de 2024 às 19:53, por: CdB

Trechos da gravação do encontro foram apreendidos pela Polícia Federal (PF), em um computador do ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid.


Por Redação - de Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu seus ministros, em 5 de julho de 2022, para pedir uma “reação” contra uma alegada fraude no sistema eleitoral. Segundo o ex-mandatário neofascista, caso contrário haveria“uma grande guerrilha”.

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O ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid entregou tudo à Justiça, na delação premiada em curso


— Se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? — questionou, durante a reunião ministerial.

Trechos da gravação do encontro foram apreendidos pela Polícia Federal (PF), em um computador do ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid.

 

Operação


Ao lado de Bolsonaro, estavam reunidos Anderson Torres (ex-ministro da Justiça); general Augusto Heleno (ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional); Paulo Sérgio Nogueira (ex-Defesa); Mário Fernandes (ex-chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República) e Walter Braga Netto (ex-Casa Civil). Todos eles estão na mira da ‘Operação Tempus Veritatis’, deflagrada na véspera, sob a suspeita de tentar um golpe de Estado, no país.

Bolsonaro chegou a pressionar seus ministros com demissão imediata, caso não integrassem os planos golpistas e agissem de imediato.

— Todos aqui, como todo povo ali fora, têm algo a perder — afirmou Bolsonaro, referindo-se aos integrantes do governo que estavam ausentes, naquele momento.

 

Eleições


Para o ex-inquilino do Planalto, a retórica sobre as ameaças “à liberdade”, conforme se referiu a argumentos sobre o voto impresso, já havia se diluído e ele julgava necessário uma decisão mais drástica.

— Eu parei de falar em voto imp... e eleições há umas três semanas. Vocês estão vendo agora que... eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes — acrescentou.

Segundo Jair Bolsonaro, o cenário político do país era outro, muito diferente de 2018, quando venceu as eleições presidenciais.

— Vocês sabem o que está acontecendo. Achando que esses caras estão de brincadeira? Alguém acredita em Fachin, Barroso e Alexandre de Moraes? Se acreditar, levanta braço? Acredita que são pessoas isentas? — questionou. Ninguém se pronunciou.

 

Tempus Veritatis


Ato seguinte, o presidente passou a pressionar seus colaboradores, ao exigir dos ministros que concordassem com as suas alegações a respeito das falibilidade das urnas eletrônicas. Quem discordasse dele estaria “no lugar errado”, ameaçou.

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, que autorizou os mandados de busca e apreensão da Operação Tempus Veritatis, a exigência de Jair Bolsonaro aos seus ministros demonstra “total desvio de finalidade” das funções dos cargos públicos. O então presidente estaria, segundo Moraes, ordenando a promoção de “desinformações e notícia fraudulentas” quanto ao sistema eleitoral.

“Nesse sentido, o então presidente da República exige que seus ministros – em total desvio de finalidade das funções do cargo – deveriam promover e replicar, em cada uma de suas respectivas áreas, todas as desinformações e notícias fraudulentas quanto à lisura do sistema de votação, com uso da estrutura do Estado brasileiro para fins ilícitos e dissociados do interesse público”, resumiu Moraes, no despacho que autorizou buscas e prisões na manhã passada.

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