Wassef pagava por banho quente de Queiroz, no sítio em Atibaia

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Publicado Domingo, 21 de Junho de 2020 às 13:01, por: CdB

As contas de luz desmontam, de imediato, o argumento do advogado Frederick Wassef, de que o seu imóvel estava vazio e que ele havia, inclusive, retirado todos os móveis de lá. Havia colchões por todos os cômodos.

Por Redação - de Brasília e São Paulo

Mais do que explicar se o ex-assessor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de seu primogênito, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz chegou voando ou pulou o muro de sua casa, o advogado Frederick Wassef terá que esclarecer à polícia quem pagava pelo banho quente do ex-PM, envolvido com as milícias que agem na Zona Oeste do Rio, entre outras mordomias.

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O advogado Wassef indica uma clara ligação com o ex-PM Fabrício Queiroz

Uma consulta ao sistema Elektro feita pela revista Forum, neste domingo, mostrou que as contas de luz da casa, localizada na rua das Figueiras, em Atibaia, de propriedade do advogado Wassef, onde Queiroz foi preso, mostra que até maio de 2018 o consumo de luz da casa era de menos de R$ 30 reais, o que demonstrava que de fato ela não estava sendo utilizada.

A partir de junho de 2018, no entanto, o valor sobe para R$ 533,89 e depois passa a girar em torno de R$ 200 a no máximo R$ 300, até em setembro de 2019 aumentar para R$ 773,35. Após esse período, as contas passam para cerca de R$ 400.

Fora do lugar

As contas desmontam, de imediato, o argumento de Frederick Wassef em entrevista a um canal de TV por assinatura, na tarde de sábado, de que o seu imóvel estava vazio e que ele havia, inclusive, retirado todos os móveis de lá.

— Meu escritório estava em obras. Os móveis estavam do lado de fora. Não tinha nada lá. Vi na TV que encontraram um malote. Isso foi plantado. Não escondi ninguém. Estão me atribuindo coisas que não fiz. O escritório estava vazio. Os móveis estavam do lado de fora da casa. Tudo estava fora do lugar — afirmou Wassef.

Wassef precisará responder, ainda, se teve acesso a recursos da conta da sócia e ex-mulher, Cristina Boner Leo, que recebeu pagamentos milionários do governo federal durante a gestão de seu principal cliente, o presidente da República. A empresa Globalweb Outsorcing registrou o ingresso de R$ 41,6 milhões durante a atual gestão.

Informática

Os fatos estão descritos na reportagem dos jornalistas Constança Rezende e Eduardo Militão, do portal UOL, de propriedade do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo. Os valores referem-se aos pagamentos efetuados entre janeiro de 2019 e março deste ano por variadas fontes pagadoras federais à Globalweb Outsourcing, que presta serviços de informática e tecnologia da informação a diferentes órgãos da administração pública, entre eles o Ministério da Educação e o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).

A empresa já prestava serviços nos quatro anos de gestão anteriores, de Dilma Rousseff e Michel Temer. No entanto, segundo levantamento feito pelo UOL no portal da Transparência e Diário Oficial, os contratos que a empresa tinha negociado com governos anteriores foram prorrogados e receberam aditivos de R$ 165 milhões pela gestão de Bolsonaro.

Além disso, o novo governo fechou novos contratos com a Globalweb Outsourcing no valor de R$ 53 milhões — totalizando um compromisso de R$ 218 milhões a serem pagos pelos cofres públicos nos próximos anos.

“A empresa participa de licitações, abertas aos diversos competidores do mercado de tecnologia, por meio de pregão eletrônico, com finalização em resultado aleatório. Com relação aos contratos renovados a partir de 2019, a Globalweb informa que os mesmos ‘foram assinados em períodos anteriores e que possuem renovação automática’. Assina o texto Pedro Rondon, como presidente da Globalweb. O Palácio do Planalto disse que não se manifestaria”, resume a reportagem.

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