Rio de Janeiro, 19 de Setembro de 2024

Torres tenta minimizar provas de seu envolvimento no golpe fracassado

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Sexta, 03 de Fevereiro de 2023 às 13:35, por: CdB

A defesa de Torres, exercida pelo advogado e ex-senador Demóstenes Torres, cassado em 2012, chegou a ironizar a chamada 'minuta do golpe’ — uma tentativa de impor a ditadura no país — e afirmou que, devido aos “erros de português”, teria sido escrita pelo deputado federal Tiririca (PL).

Por Redação - de Brasília
No Batalhão da Polícia Militar onde encontra-se detido o ex-ministro Anderson Torres por suspeita de facilitar os atos terroristas de 8 de Janeiro, o depoimento de mais de 10 horas à Polícia Federal (PF), encerrado na noite passada, teve até comentários debochados por parte do depoente.
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Ex-senador Demóstenes Torres, cassado em 2019, é o advogado do ex-ministro da Justiça Anderson Torres
A defesa de Torres, exercida pelo advogado e ex-senador Demóstenes Torres, cassado em 2012, chegou a ironizar a chamada 'minuta do golpe’ — uma tentativa de impor a ditadura no país — e afirmou que, devido aos “erros de português”, teria sido escrita pelo deputado federal Tiririca (PL). — (A minuta), possivelmente, foi feita pelo Tiririca. Tem mais de 50 erros de português. Aquilo é uma presepada que alguém deixou no Ministério da Justiça e ele levou para casa e ficou por lá. Ele não lembra quem entregou porque não recebe documentos diretamente. Ao começar a ler, já viu que era uma coisa terrível, boba e que não tinha qualquer repercussão. Tanto é que aquilo ficou para ser jogado fora — disse o advogado aos repórteres, numa tentativa de descontextualizar a prova.

Um trapo

Ainda segundo Demóstenes Torres, no entanto, o ex-ministro tem vivido “à base de remédios” e “está em uma situação deplorável”. À saída do 4° Batalhão de Polícia Militar no Guará, onde seu cliente encontra-se detido, o advogado diz que pesa para o suspeito de participar dos atos terroristas de 8 de Janeiro o fato de ter “três filhas pequenas para criar”, uma “família”, e estar passando por este processo. Ainda assim, Demóstenes afirmou que o cliente dele esteve “muito tranquilo” durante todo o longo depoimento. No período, o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal falou sobre a “minuta do golpe”, falhas na segurança que permitiram a invasão de terroristas aos Três Poderes e a relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante o golpe fracassado, Torres chefiava a SSP-DF, mas estava nos Estados Unidos de férias. Após os atos de vandalismo, acabou exonerado do cargo.

Assessores

A tentativa de minimizar a gravidade dos fatos, no entanto, não resiste às investigações sobre a dinâmica dos atos que significaram os atos terroristas na Praça dos Três Poderes. A prisão do ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), na véspera, permitiu a análise do celular pela PF e se soma à busca dos dados digitais de Torres, que tentou se livrar do telefone móvel ao dispensar o telefone em local não sabido, nos EUA, para onde viajou no início do mês passado. Tanto Torres quanto o entorno de Bolsonaro estariam preocupados com o "potencial bombástico" que as mensagens no celular de Silveira têm para incriminar o ex-mandatário neofascista e seus assessores mais próximos, entre eles o ex-ministro da Justiça, no planejamento e execução do golpe fracassado.
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