Moraes teria conversado pessoalmente com os dois ministros mais alinhados a Bolsonaro: Kassio Nunes Marques e Raul Araújo, segundo apurou a mídia conservadora. Moraes teria argumentado que um pedido de vistas seria negativo para o país e para o TSE, pois arrastaria o processo por um tempo desnecessário.
Por Redação - de Brasília
Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes abriu caminho para que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seja o mais curto possível. Moraes teria negociado com seu pares para que não haja pedidos de vista e o consequente adiamento dos fatos que poderão tornar o ex-mandatário neofascista inelegível por oito anos.
Moraes teria conversado pessoalmente com os dois ministros mais alinhados a Bolsonaro: Kassio Nunes Marques e Raul Araújo, segundo apurou a mídia conservadora. Moraes teria argumentado que um pedido de vistas seria negativo para o país e para o TSE, pois arrastaria o processo por um tempo desnecessário. Moraes ponderou, ainda, que o tribunal precisa encerrar essa fase da discussão sobre as eleições de 2022.
Segundo a jornalista Malu Gaspar, do diário conservador carioca ‘O Globo’, tanto Nunes Marques quanto Raul Araújo prometeram liberar seus votos de imediato, sem maiores delongas. "O acordo vem sendo mantido no mais absoluto segredo para evitar o acirramento da pressão que os bolsonaristas têm feito, em público e nos bastidores, para que Nunes Marques ou Araújo peçam vista do processo", diz a colunista.
Expectativa
Ainda assim, Bolsonaro tem depositado suas últimas esperanças nos ministros supostamente alliados para conseguir um adiamento na sentença inevitável.
— Apostamos em adiar por três meses na esperança que, neste período, algum fato novo surja que possa mudar o resultado final — teria dito um interlocutor de Bolsonaro a um diário carioca.
O próprio Bolsonaro (PL) afirmou, nesta manhã, em entrevista a uma rádio gaúcha, que a perspectiva de um pedido de vista seria "positiva". Ele elogiou o ministro Raul Araújo e praticamente implorou que ele solicitasse o adiamento da análise para atrasar, assim, o andamento do processo.
Nunes Marques e Raul Araújo, no passado, proferiram decisões favoráveis ao representante da ultradireita golpista e, agora, a expectativa entre os bolsonaristas é de que ao menos um deles solicite vista do processo e suspenda o julgamento.
Inelegibilidade
A chance de ocorrer uma decisão nesse sentido, porém, afasta-se de Nunes Marques, que já sinalizou não estar disposto a agir conforme espera Bolsonaro. Ainda que ele ou Marques aceitassem o pedido do réu, o processo precisaria ser devolvido em até 60 dias, caso contrário, voltaria automaticamente à pauta.
O julgamento de Bolsonaro no TSE está suspenso até a próxima terça-feira, quando será retomado. A decisão partiu do presidente da Corte Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes. Na sessão da quinta-feira, o Ministério Público Eleitoral (MPE) argumentou que a reunião com os embaixadores foi uma "manobra eleitoreira" e votou pela inelegibilidade de Bolsonaro.