Polêmica cerca indicação de Moro a superministério da repressão policial

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Publicado Quinta, 01 de Novembro de 2018 às 10:44, por: CdB

Para Bolsonaro, a agenda anticorrupção e anticrime organizado de Sérgio Moro será o norte de seu governo.

 
Por Redação - do Rio de Janeiro
  Em meio à polêmica, o juiz federal Sérgio Moro aceitou o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para assumir o superministério, que engloba as pastas da Justiça e da Segurança, fundamentais para consolidar os planos da repressão policial anunciada na campanha eleitoral, contra a corrupção e o tráfico de drogas. Principal responsável pela operação Lava Jato, Moro reuniu-se nesta manhã com o presidente eleito na casa dele, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, para discutir a oferta feita pelo futuro chefe do Executivo. Saindo de lá, almoçou com o futuro colega de ministério Paulo Guedes, economista que também tende a gerir outro superministério, com Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio, no Gávea Golf Club, um dos endereços mais sofisticados e exclusivos do Rio.
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Moro pede silêncio à turba que o aguardava, na saída da casa de Jairo Bolsonaro, na Barra da Tijuca. Não foi atendido
Para Bolsonaro, a agenda anticorrupção e anticrime organizado de Sérgio Moro será o norte de seu governo. A afirmação ocorreu após confirmar que o juiz federal aceitou convite para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública da próxima gestão. “O juiz federal Sérgio Moro aceitou nosso convite para o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Sua agenda anticorrupção, anticrime organizado, bem como respeito à Constituição e às leis, será o nosso norte”, escreveu Bolsonaro em publicação no Twitter.

Ações judiciais

Após aceitar o convite, Moro declarou que pretende se afastar, imediatamente, da condução dos processos referentes à Operação Lava Jato. Assim, as ações passarão a ser conduzidas pela juíza substituta Gabriela Hardt. Ela deverá assumir, ainda que provisoriamente, a 13ª Vara Federal de Curitiba. A Lei da Magistratura impede que Moro exerça qualquer cargo na administração pública. Se assumir o posto, caberá a Hardt interrogar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no próximo dia 14, no processo referente ao sítio de Atibaia. Hardt também tende a assumir o processo sobre a compra de um prédio para o Instituto Lula e de uma cobertura vizinha ao apartamento do ex-presidente em São Bernardo do Campo, pela Odebrecht. A defesa de Lula tem até meia-noite desta quinta-feira para apresentar as alegações finais e, a partir de então, a ação segue para julgamento.

Juízo político

Uma vez que Moro assuma o superministério da repressão policial, ganha nova dimensão o fato de ele ter sido convidado ainda durante a campanha eleitoral. A revelação foi feita pelo vice-presidente eleito general Hamilton Mourão, em entrevista a jornalistas. — Isso (o convite) já faz tempo, durante a campanha foi feito um contato — disse Mourão, na véspera, ao falar sobre o convite a Moro. Ele detalhou que o contato foi feito por Paulo Guedes a pedido de Bolsonaro. Em 1 de outubro, menos de uma semana antes do primeiro turno, Moro quebrou o sigilo da delação premiada de Antonio Palocci. Ao ordenar sua divulgação para a imprensa, segundo constatação da direção petista, terminou por prejudicar a campanha do PT.

Vaidade

O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta, reagiu à entrevista de Mourão no começo da manhã. — É de uma gravidade espantosa a revelação de Mourão. É prova testemunhal da relação criminosa e perversa entre a Lava Jato e Bolsonaro. Quando Moro vazou a delação de Palocci, já sabia que se Jair Bolsonaro fosse eleito ele seria ministro — afirmou. Ex-ministro da Justiça no governo Dilma, o jurista Eugênio Aragão também falou sobre a indicação de Sérgio Moro. — Isso apenas confirma tudo o que a gente disse até hoje, de que verdade ele não era juiz. Ele estava atrás de uma vantagem pessoal para sua carreira, cultivando a sua vaidade e, na verdade, chegou onde ele conseguiu chegar — concluiu.
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