O mesmo erro cometido pela presidenta deposta Dilma Rousseff (PT), que culminou no golpe de Estado de 2016 e a ascensão das forças de ultradireita, é apontado na avaliação morna do terceiro mandato do líder petista.
Por Redação – de Brasília e São Paulo
O prestígio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem minguado, nas pesquisas de opinião, à medida que a Comunicação Social do governo patina no esforço de mostrar aos brasileiros as vitórias do governo, principalmente no campo econômico. O crescimento do PIB e as conquistas no campo social, com a geração de um número recorde de empregos, esbarram no noticiário enviesado da mídia conservadora, justamente aquela que recebe mais de 90% de todos os recursos governamentais, no orçamento publicitário.
O mesmo erro cometido pela presidenta deposta Dilma Rousseff (PT), que culminou no golpe de Estado de 2016 e a ascensão das forças de ultradireita, é apontado na avaliação morna do terceiro mandato do líder petista, com 65% dos brasileiros classificando o governo de maneira positiva ou regular, segundo dados da pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira.
O levantamento, financiado pela corretora Genial Investimentos, foi realizado entre os dias 25 e 29 de setembro, com 2 mil brasileiros com 16 anos ou mais. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Recuo
A avaliação positiva, com 32% dos entrevistados aprovando o atual governo Lula, recuou em relação ao levantamento anterior, realizado em julho, que registrava 36%. Quando somada àqueles que consideram a gestão como regular, o número sobe para 65%. Na avaliação de especialistas, os números mostram que boa parte da população tem sido levada a acreditar que a atuação do governo é, meramente, formal.
Na outra ponta, 31% dos entrevistados avaliam o governo de forma negativa, uma leve alta em relação aos 30% da pesquisa anterior, dentro da margem de erro da pesquisa que é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. Outros 4% não souberam ou preferiram não responder.
Uma análise mais detalhada do estudo mostra que a aprovação de Lula varia consideravelmente entre as regiões do Brasil. No Nordeste, o presidente mantém sua base mais forte, com 69% dos entrevistados aprovando a gestão. No entanto, o cenário é menos favorável no Sudeste e no Sul, onde as taxas de desaprovação alcançam 53%, enquanto a aprovação é de 42% e 45%, respectivamente.
Bolsonaro
Em relação às expectativas sobre o atual mandato, 36% dos entrevistados afirmam que o governo não está nem melhor nem pior do que esperavam. Para 30%, a gestão está acima das expectativas, e 33% acreditam que o governo tem ficado aquém do esperado.
A pesquisa também trouxe um dado relevante sobre a comparação entre o governo Lula e o anterior, de Jair Bolsonaro (PL). A percepção de que o governo atual é melhor do que o de Bolsonaro caiu 13 pontos, passando de 51% em julho para 38% na pesquisa mais recente. Enquanto isso, 33% acreditam que o governo de Lula é pior, e 22% consideram ambos os mandatos equivalentes — um aumento significativo em relação aos 8% que tinham essa visão em julho.
Economia
A pesquisa também avaliou a percepção do brasileiro sobre a economia. Para 41%, a situação econômica do país piorou, enquanto 33% dizem ter melhorado e 22% acreditam que ficou do mesmo jeito.
Para 61% dos entrevistados, o poder de compra hoje é menor do que há um ano. Em comparação com a primeira pesquisa realizada durante a gestão de Lula, em abril de 2023, o número era de 37%. Outros 19% consideram que o poder de compra é igual e 18% dizem ser menor.
Também cresceu o pessimismo dos brasileiros em relação à melhora da economia. 36% acreditam que a economia vai piorar nos próximos 12 meses. Na última pesquisa, o percentual era de 27%. Os que acreditam que vai melhorar somam 45%, ante 52% do levantamento anterior. O número dos que avaliam que vai ficar do mesmo jeito permaneceu em 18%.
Retorno
O presidente Lula tomou conhecimento da atual rodada de pesquisa da Quest assim que retornou ao país, no fim desta manhã. Após trocar de aeronave, conseguiu encerrar a missão que o levou ao México, para a cerimônia de posse da presidente Claudia Sheinbaum.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), o avião presidencial VC-1 apresentou um problema técnico após a decolagem. Depois de permanecer por cerca de cinco horas voando em círculos para despejar combustível, a uma altitude média de cerca de 3,8 mil metros do solo, a aeronave pousou em segurança às 22h16 desta terça-feira no Aeroporto Internacional Felipe Ángeles (Santa Lucia – NLU), que fica a uma hora da Cidade do México.
O presidente e seus assessores embarcaram, então, em outra aeronave da FAB que voltou para Brasília.