Publicado Quarta, 05 de Dezembro de 2018 às 11:56, por: CdB
Em nota, o gabinete do ministro Ricardo Lewandowski informou que o magistrado, ao "presenciar um ato de injúria" à Corte, “sentiu-se no dever funcional de proteger a instituição a que pertence”.
Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro
A Polícia Federal (PF) abriu, nesta quarta-feira, um inquérito para apurar a discussão entre o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o advogado Cristiano Caiado de Acioli, ocorrida na véspera, em um voo de São Paulo para Brasília. Alistado nas forças de ultradireita, Acioli recebeu a crítica de juristas e magistrados por seu ataque a uma instituição da República.
O embaixador Nogueira Lopes entrega uma comenda ao juiz Henrique Alves, em recente solenidade no Rio de Janeiro
Após ouvir do advogado que o Supremo é uma "vergonha", o ministro questionou se ele queria ser preso e pediu aos comissários da aeronave que chamassem agentes da PF. A conversa foi filmada e ganhou as redes sociais.
Acioli, conduzido à Superintendência Regional da PF do Distrito Federal, prestou depoimento e foi liberado. Antes de esclarecer os fatos à autoridade policial, o advogado ficou retido por aproximadamente uma hora na aeronave, acompanhado por um agente da PF.
Depoimento
O advogado é filho da subprocuradora-geral da República aposentada Helenita Amélia Gonçalves Caiado de Acioli. Ele teria perguntado ao agente que o acompanhava o motivo de estar sendo mantido dentro dele.
— Ele disse que eu não posso saber por que estou sendo retido — disse, a jornalistas.
O advogado Fernando Assis Bontempo, vice-presidente da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Distrito Federal, acompanhou Acioli em seu depoimento. Segundo afirmou, o advogado disse que não teve a intenção de ofender o ministro ou o STF; apenas expressou sua opinião pessoal. O depoimento começou por volta das 15h e durou em torno de uma hora e meia.
Em nota, o gabinete do ministro Ricardo Lewandowski informou na noite passada que o magistrado, ao "presenciar um ato de injúria" à Corte, “sentiu-se no dever funcional de proteger a instituição a que pertence, acionando a autoridade policial para que apurasse eventual prática de ato ilícito, nos termos da lei”.
Severa penalidade
Lewandowski, no entanto, recebeu ainda na noite passada, o apoio de influenciadores sociais e juízes ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil. Titular da Vara da Infância do Estado do Rio de Janeiro, o juiz Pedro Henrique Alves não escondeu sua repulsa ao ato do advogado, contra o Supremo.
Para o embaixador Sergio Nogueira Lopes, que conversou com o magistrado Henrique Alves durante solenidade, nesta quarta-feira, o ataque ao ministro e à Corte Suprema não devem passar sem “uma severa penalidade” contra o agressor.
— Tanto o juiz Henrique Alves quanto seus pares foram unânimes em marcar posição contra o ato de agressão a que o ministro Lewandowski foi alvo, durante um voo comercial. O ministro é um dos mais ilustres juristas e um exemplo para o país. Ele não poderia ser submetido à falta de respeito, ao achincalhe de um irresponsável que estaria em busca de seus cinco minutos de fama — concluiu Nogueira Lopes.