Alta da Selic impacta diretamente no Orçamento, ressaltam analistas

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Publicado Quinta, 05 de Maio de 2022 às 11:41, por: CdB

Caso o cenário se confirme, isso representaria também um aumento de 70% no gasto público com juros da dívida de 2021 para 2022. No ano passado, segundo o Banco Central, o governo gastou R$ 448,3 bilhões. Naquele ano, porém, a taxa Selic começou o ano em 2% ao ano.

Por Redação, com BdF - de São Paulo

A alta de 1 ponto percentual na taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, anunciada na véspera pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, terá impactos significativos no Orçamento Público. Com a Selic a 12,75% ao ano e em tendência de alta, consultorias já estimam que o governo federal gaste até R$ 760 bilhões só com o pagamento de juros da dívida pública — valor que seria recorde, 51% acima dos R$ 501,8 bilhões gastos em 2015.

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A alta de 1 ponto percentual na taxa básica de juros da economia brasileira

Caso o cenário se confirme, isso representaria também um aumento de 70% no gasto público com juros da dívida de 2021 para 2022. No ano passado, segundo o Banco Central, o governo gastou R$ 448,3 bilhões. Naquele ano, porém, a taxa Selic começou o ano em 2% ao ano. Subiu com o passar dos meses e, em dezembro, estava em 9,25%. Em 2022, ela já foi reajustada três vezes: em fevereiro, março e, agora, em maio. Subiu 3,5 pontos percentuais ao todo e atingiu o seu maior patamar desde fevereiro de 2017.

Taxa Selic

A Selic é a taxa que, entre outras coisas, corrige cerca de um terço da dívida pública federal. Portanto, conforme ela sobe, aumenta também o valor dos juros que o governo tem que pagar para os detentores dos títulos da dívida. Bancos e fundos de investimentos, juntos, têm quase 65% de todos esses papéis, de acordo com o Tesouro Nacional.

Por causa do aumento dos juros, em fevereiro, a agência de classificação de risco Moody’s emitiu um relatório sobre o gasto do governo brasileiro com os juros. “A Moody´s calcula que as despesas com juros fecharão o ano entre R$ 600 bilhões e R$ 700 bilhões”, informou a empresa, em documento elaborado no dia 16 daquele mês.

Naquela data, a Selic ainda era de 10,75%. Instituições consultadas pelo Banco Central para elaboração do Boletim Focus ainda estimavam que a taxa fechasse o ano em 12,25% – hoje, já está em 12,75%.

Linha de crédito

Já em março, a gestora de investimentos Armor Capital realizou um estudo no qual apontava que o gasto com os juros chegaria a R$ 760 bilhões em 2022. Para o estudo, a Armor também estimava que a Selic encerraria o ano em 12,25%. O Boletim Focus desta semana já aponta que ela estará em 13,25%.

De acordo com estudo divulgado pelo Banco Central na segunda-feira, a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) era de R$ 5 trilhões em fevereiro deste ano. Ela aumentava R$ 34,1 bilhão toda vez que a Selic subia 1 ponto percentual e permanecia aí por um ano.

O orçamento do programa Auxílio Brasil, que pagará benefícios de R$ 400 a mais de 17 milhões de pessoas, é de R$ 89,9 bilhões em 2022. Ou seja, segundo o próprio Banco Central, o último aumento da taxa Selic já compromete o equivalente a mais de um terço do orçamento do programa só com o aumento da dívida.

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