Rio de Janeiro, 20 de Setembro de 2024

Além do software espião, ‘Abin paralela’ usou equipamentos sensíveis

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Segunda, 04 de Março de 2024 às 16:18, por: CdB

O objetivo de Ramagem, segundo a PF, seria a utilização dos dispositivos de captação de imagens aéreas em operações de vigilância nas superintendências, sem especificar seus limites.

Por Redação - de Brasília
O uso de equipamentos tecnológicos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi além do software espião FirstMile. Outros dispositivos como microfones, câmeras escondidas, drones e malwares foram aplicados no monitoramento de adversários políticos e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi veiculada em reportagem, nesta segunda-feira, do diário conservador carioca O Globo.
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O delegado Ramagem seria o chefe da 'Abin paralela' criada no governo Bolsonaro
Foram encontrados indícios da utilização desses equipamentos para espionagem política, segundo relatório da Polícia Federal (PF). Depoimentos de servidores da agência de inteligência confirmam que a Abin, chefiada à época por Alexandre Ramagem (PL-RJ), hoje deputado e pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, adquiriu uma série de drones, em 2021, para ampliar a coleta de dados ilegais. O objetivo de Ramagem, segundo a PF, seria a utilização dos dispositivos de captação de imagens aéreas em operações de vigilância nas superintendências, sem especificar seus limites. Os servidores, no entanto, tiveram dificuldades técnicas com o equipamento, devolvidos em seguida à sede da agência, na Capital Federal.  

Grande alcance

Na sequência, agentes foram treinados na pilotagem dos drones. Pouco depois, ainda em 2021, um destes equipamentos foi flagrado sobrevoando a residência do então governador do Ceará, Camilo Santana (PT), atual ministro da Educação. A Abin, segundo a mídia conservadora, chegou a abrir um processo administrativo para investigar o fato. O processo apontou, à época, que a ordem partiu de Ramagem e outros diretores. A apuração, no entanto, acabou arquivada sem qualquer análise de mérito. Além dos equipamentos de filmagem aérea, também foram relatados por agentes da Abin à PF a utilização de “equipamentos sensíveis” sem cautela, como microfones direcionais de grande alcance, câmeras e outras ferramentas “para uso tático em campo”.  

‘Abin paralela’

O relato da utilização dos dispositivos, mais uma vez, foi confirmado ao jornal por um servidor em depoimento à PF. Tais equipamentos permitiram, por exemplo, a gravação de reuniões à distância. Outro depoimento dá conta que a Abin tinha conhecimento da utilização de programas maliciosos criados por um servidor do departamento de inteligência. Esse tipo de software é utilizado para invadir dispositivos, tais como computadores e celulares, sem o conhecimento do usuário. Os relatos dos servidores é considerado crucial pela PF para entender o funcionamento da ‘Abin paralela’, que realizava monitoramento informal de alvos selecionados por Ramagem. O atual deputado não comentou as revelações do jornal.
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