As gangues que dominam a capital haitiana, Porto Príncipe, não encontram obstáculos para cometer crimes e aterrorizar os moradores. O poder público, no país, enfrenta um estado de pré-falência, sem recursos para manter um sistema de segurança operacional.

As devastadoras guerras entre gangues no país se intensificaram nas últimas semanas, com rivais fortemente armados desencadeando novas ondas de ataques, incluindo invasões a delegacias de polícia e ao aeroporto internacional.

Independente desde 1804, ilha caribenha pagou durante mais de um século "reparações" à França colonialista. Escravidão e interferência estrangeira perpetuaram círculo vicioso de pobreza e "ingovernabilidade" no Haiti.

O Banco da República do Haiti (BRH) é uma das poucas instituições que não fugiu do centro da cidade, onde diversas gangues correm soltas. Violência tomou conta de Porto Príncipe.

O toque de recolher, em vigor das 19h e as 5h locais, será prolongado até o dia 20 de março, anunciou o governo em comunicado, acrescentando que os bombeiros, serviços de emergência, trabalhadores do setor da saúde e jornalistas estarão isentos dessas medidas.

Henry garantiu que irá renunciar formalmente ao cargo após tratar dos "assuntos atuais" e assim que for criado um conselho de transição e nomeado um chefe de Governo interino.

Segundo um porta-voz do poder Executivo do bloco, a decisão foi tomada em função da "dramática deterioração da situação de segurança" na nação caribenha, onde gangues controlam boa parte da capital Porto Príncipe.

Onda de violência agrava crise institucional no país caribenho, enquanto premiê busca apoio para envio de nova missão de paz da ONU. Facções criminosas querem depor atual governo, que ignora acordo por novas eleições.

Ao menos 806 pessoas foram mortas, feridas ou raptadas em janeiro de 2024, e cerca de 300 membros de grupos armados também foram mortos ou feridos, chegando a um total de 1.108 pessoas.

Em julho, o Quênia se comprometeu a oferecer mil policiais depois que o Haiti solicitou ajuda internacional para auxiliar na batalha contra as gangues culpadas pela violência crescente.

A polícia, com poucos recursos, tem lutado contra gangues fortemente armadas, que ganharam território e expandiram enormemente sua influência ao longo do ano passado.

A República Dominicana fechou sua fronteira com o país vizinho pela última vez após o assassinato do presidente haitiano Jovenel Moïse, em 2021. 

O órgão disse que os cidadãos norte-americanos que não trabalham para o governo também devem deixar o Haiti o mais rápido possível "por meio de transporte comercial ou outras opções de transporte privado disponíveis".

País caribenho enfrenta onda de violência entre gangues rivais, que deixou mais de 400 mortos em seis meses. Grupos armados controlam 60% da capital haitiana.

A situação humanitária e de segurança em muitas áreas de Cité Soleil, que tem centenas de milhares de habitantes, "atingiu nível alarmante", disse o gabinete em comunicado. 

As gangues haitianas expandiram seus domínios sobre o território do país desde o assassinato do presidente Jovenel Moise em 2021. A violência resultante deixou grande parte do país fora dos limites do governo, e levou a tiroteios de rotina com a polícia.

O conselho de 15 membros votou por unanimidade para adotar uma resolução redigida pelos Estados Unidos e pelo México. A primeira pessoa sancionada foi o líder de gangue Jimmy Cherizier, um ex-policial conhecido localmente por seu apelido "Churrasco".

Os governos norte-americano e canadense também esperam que os equipamentos entregues ajudem as forças locais na luta contra "agentes criminosos que fomentam a violência e perturbam o fluxo de assistência humanitária criticamente necessária, dificultando os esforços para barrar a propagação da cólera".

Cerca de 4,7 milhões de pessoas, quase metade da população do Haiti, estão passando fome, com cerca de 19 mil pessoas no bairro de Cité Soleil, em Porto Príncipe, enfrentando "fome catastrófica", segundo o PMA.

A situação se agravou no sábado, uma vez que a falta do recurso se soma a uma tempestade tropical que se aproxima do país. Meteorologistas preveem que a tempestade Fiona deve chegar ao país no início da próxima semana.