Vitória da extrema direita, na Argentina, ameaça o Mercosul

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Publicado Segunda, 20 de Novembro de 2023 às 20:00, por: CdB

A eleição de Milei, que criticou duramente o Mercosul durante a campanha eleitoral, levantou apreensões sobre o futuro do bloco econômico. Amorim, no entanto, sugeriu que o discurso do presidente eleito pode evoluir ao tomar conhecimento da importância do Mercosul e do volume de negócios envolvendo não apenas Brasil e Argentina, mas também Uruguai e Paraguai.


Por Redação - de Brasília

Assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, o diplomata Celso Amorim afirmou, nesta segunda-feira — dia seguinte à vitória do anarcocapitalista Javier Milei nas eleições presidenciais da Argentina — que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem interesse em manter uma relação bilateral sólida os vizinhos. O foco principal, segundo Amorim, é "salvar" o Mercosul, destacando a preocupação brasileira com o bloco sul-americano.

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O ex-chanceler Celso Amorim ressalta os riscos que o grupo econômico sofre com a eleição da ultradireita argentina


— Temos que respeitar o resultado da eleição. Por um lado, manter as relações como dois Estados e, se possível, salvar o Mercosul. A relação entre Brasil e Argentina é a base do Mercosul e tem reflexo em toda a América do Sul — disse Amorim à mídia conservadora.

A eleição de Milei, que criticou duramente o Mercosul durante a campanha eleitoral, levantou apreensões sobre o futuro do bloco econômico. Amorim, no entanto, sugeriu que o discurso do presidente eleito pode evoluir ao tomar conhecimento da importância do Mercosul e do volume de negócios envolvendo não apenas Brasil e Argentina, mas também Uruguai e Paraguai.

— É como o teste do pudim: só vamos saber se está bom na hora de comer — acrescentou.

Negócios


Ainda de acordo com as declarações de Celso Amorim, quando Milei conhecer melhor a realidade do comércio da Argentina com o Brasil — somente de janeiro a outubro deste ano, a soma de exportações com importações atingiu US$ 25 bilhões — e com a China, ele poderá avaliar a dimensão de suas promessas.

Amorim admitiu, no entanto, que existe o risco de uma ruptura no bloco econômico sul-americano, mas lembrou que o discurso de Milei candidato pode mudar, a partir do momento em que o futuro presidente tomar conhecimento da importância do Mercosul e do volume de negócios envolvidos não apenas entre Brasil e Argentina, mas também com Uruguai e Paraguai.

Na noite passada, ao tomar conhecimento da vitória de Milei, o presidente Lula desejou "boa sorte" ao novo governo do país, sem citar o nome do vencedor.

Em uma rede social, Lula disse que torce pelo "êxito" da nova gestão.

 

Desculpas


"A democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada. Meus parabéns às instituições argentinas pela condução do processo eleitoral e ao povo argentino que participou da jornada eleitoral de forma ordeira e pacífica. Desejo boa sorte e êxito ao novo governo. A Argentina é um grande país e merece todo o nosso respeito. O Brasil sempre estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos argentinos", escreveu Lula na rede social X, antigo Twitter.

Mas as relações entre os dois países, após anunciado o resultado do pleito, estremeceram-se de forma rápida, a ponto de o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, o jornalista e deputado licenciado Paulo Pimenta, afirmar que Lula somente deveria entrar em contato com o seu equivalente portenho após um pedido de desculpas pelas ofensas que proferiu contra o chefe de Estado brasileiro.

— Eu (se fosse o Lula), só depois que ele me ligasse para me pedir desculpa, ofendeu de forma gratuita o presidente Lula, cabe a ele um gesto como presidente eleito, de ligar para se desculpar. Depois que acontecesse isso, eu pensaria na possibilidade de conversar — afirmou Pimenta, aos jornalistas.

 

Longe disso


Em lugar de acalmar os ânimos entre as nações vizinhas, no entanto, o anarcocapitalista Milei tratou de inflamar ainda mais o cenário. Nesta manhã, em vez de buscar um contato com o chefe de Estado do Brasil, tratou de reforçar a aliança com a extrema direita ao conversar, por vídeo conferência, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Durante o diálogo, ambos celebram a chegada do ultraliberalismo à Casa Rosada, uma conquista considerada histórica dada a grande diferença dos votos contra o concorrente peronista Sergio Massa. A ligação demonstrou o interesse no apoio do presidente argentino para as próximas eleições no Brasil.

Mesmo sem ter convidado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL), Javier convidou Bolsonaro para a cerimônia de posse, que acontece no dia 10 de dezembro. Este, por sua vez, aceitou de pronto o chamado, “uma vez que o Lula não vai, mesmo”, concluiu.

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