Em vídeo, general Augusto Heleno fala em golpe antes das eleições

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Publicado Quinta, 08 de Fevereiro de 2024 às 19:43, por: CdB

Na mesma reunião em que o general Augusto Heleno falou em uma “virada de mesa”, também foi cogitado infiltrar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas equipes de campanha para espionar os candidatos a presidente da República. O relato feito pela PF, com base no vídeo encontrado com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, consta de decisão do ministro Alexandre de Moraes.


Por Redação - de Brasília

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) na gestão do então presidente Jair Bolsonaro (PL), o general Augusto Heleno, durante uma reunião ministerial realizada em julho de 2022, afirmou que, se necessário, era imperativo "virar a mesa" antes das eleições.

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O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno foi desmascarado por parlamentares


— Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições — declarou Augusto Heleno, durante o encontro, com a presença de Bolsonaro, segundo vídeo gravado e interceptado a partir das buscas realizadas pela Polícia Federal (PF), na manhã desta quinta-feira.

Heleno destacou, ainda, que considerava necessário agir contra "determinadas instituições e contra determinadas pessoas”.

— Eu acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. E vai chegar a um ponto que nós não vamos poder mais falar. Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro — vociferou.

 

Ministros


Em seu despacho ao autorizar a operação ‘Tempus Veritatis’, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirma que  "a descrição da reunião de 5 de julho de 2022, nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte no sentido de validar e amplificar a massiva desinformação e as narrativas fraudulentas sobre as eleições e a Justiça eleitoral, entre outras, inclusive lançadas e reiteradas contra o então possível candidato Luiz Inácio Lula da Silva, contra o Tribunal Superior Eleitoral, seus Ministros e contra Ministros do Supremo Tribunal Federal”.

Na mesma reunião em que o general Augusto Heleno falou em uma “virada de mesa”, também foi cogitado infiltrar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas equipes de campanha para espionar os candidatos a presidente da República. O relato feito pela PF, com base no vídeo encontrado com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, consta de decisão do ministro Alexandre de Moraes, em uma intercessão com outro caso investigado, sobre a existência de uma chamada "Abin paralela”.

 

Desinformação


Segundo a PF, participaram da reunião, além de Bolsonaro e Heleno,  os então ministros da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e da Casa Civil, Walter Braga Netto. Também estava presente Mário Fernandes, então chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República.

A reunião convocada por Bolsonaro tinha como finalidade "reforçar aos presentes a ilícita desinformação contra a Justiça Eleitoral, apontando o argumento de que as Forças Armadas e os órgãos de inteligência do Governo Federal detinham ciência das fraudes e ratificavam a narrativa mentirosa apresentada pelo então presidente" e "cobrar dos presentes conduta ativa na promoção da ilegal desinformação e ataques à Justiça Eleitoral".

Alexandre de Moraes afirma ainda que fica demonstrada "a existência do ilícito Núcleo de inteligência paralela" no relato da PF sobre a fala de Heleno. De acordo com a autoridade policial, "Heleno afirma que conversou com o Diretor-Adjunto da ABIN Vitor para infiltrar agentes nas campanhas eleitorais, mas adverte do risco de se identificarem os agentes infiltrados. Nesse momento, o então presidente Jair Bolsonaro, possivelmente verificando o risco em evidenciar os atos praticados por servidores da ABIN, interrompe a fala do Ministro, determinando que ele não prossiga em sua observação, e que posteriormente "conversem em particular" sobre o que a ABIN estaria fazendo".

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