Servidor desmonta versão de Bolsonaro no escândalo das joias

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Publicado Quinta, 13 de Abril de 2023 às 13:46, por: CdB

A informação consta no depoimento do ex-funcionário à PF, que se recusou a assinar o ofício produzido por Mauro Cid e, em seguida, recebeu uma ligação. No outro lado da linha, disse ao escrivão da PF, estava o ajudante de ordens, que anunciou estar no viva-voz ao lado do então presidente da República. 


Por Redação - de Brasília

O envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro em atos ilícitos ficou mais evidente, nesta quinta-feira, depois que o ex-chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência (GADH) Marcelo da Silva Vieira afirmou, em depoimento à Polícia Federal (PF), que o ex-mandatário neofascista participou de uma ligação em que o seu então ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, pedia que ele assinasse um ofício visando a liberação de um estojo de joias supostamente doado pela monarquia saudita, avaliado em cerca de R$ 16,5 milhões.

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Bolsonaro e Mauro Cid desenvolveram uma relação de amizade, ao longo do mandato


No depoimento de Bolsonaro à PF, ele afirmou que somente tomou conhecimento dos fatos um ano depois que as joias estavam no país, quando na realidade estava acompanhando de perto o desenrolar dos trâmites sobre a pequena fortuna. O item permanecia retido pela Receita Federal (RF), no aeroporto de Guarulhos (SP) e agora encontra-se sob custódia da Caixa Econômica Federal (CEF).

A informação consta no depoimento do ex-funcionário à PF, que se recusou a assinar o ofício produzido por Mauro Cid e, em seguida, recebeu uma ligação. No outro lado da linha, disse ao escrivão da PF, estava o ajudante de ordens, que anunciou estar no viva-voz ao lado do então presidente da República. Na conversa, Cid pediu para que Vieira explicasse ao seu superior a situação e os motivos de ele se negar a assinar o ofício. A ligação ocorreu em dezembro de 2022, nos últimos dias de gestão.

“Mauro Cid colocou a ligação no modo viva-voz e pediu ao declarante para que explicasse ao Presidente da República essa situação e por que não poderia assinar. Vieira afirma, então, que deu explicações técnicas sobre a impossibilidade e que Bolsonaro disse ‘ok, obrigado’”, diz o trecho do depoimento liberado para a mídia conservadora, nesta manhã.

Exonerações


No depoimento, Vieira disse não se lembrar quem teria feito a ligação. Naquela ocasião, ele era chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH). Sua função era justamente revisar os itens que poderiam integrar o acervo do presidente ou deveriam ser encaminhados para a União. Ele deixou o cargo nos primeiros dias de governo Lula (PT) em uma leva de exonerações promovidas pela nova gestão.

Este seria o segundo telefonema com a participação de Bolsonaro nas tentativas de liberar as joias sauditas. Na primeira ligação, Bolsonaro teria conversado diretamente com o Julio Cesar Vieira Gomes, chefe da Receita Federal na ocasião. Ele tentou, nos últimos dias, deixar a carreira de auditor-fiscal. A exoneração, porém, foi barrada justamente por ele estar sendo investigado no caso. É dele a assinatura no ofício que pede que funcionários da Receita liberem as joias para o ex-presidente.

No início deste mês, a defesa do ex-presidente entregou à CEF um terceiro estojo de joias dado como suposto presente pela Arábia Saudita ao governo brasileiro. Este foi o terceiro conjunto de ouro e diamantes que Bolsonaro teve que devolver, depois de tentar tomar para si os itens que deveriam ter sido incorporados ao patrimônio público, mas a Polícia Federal (PF) ainda investiga para saber se não há outros objetos de valor sob a posse do ex-mandatário. 

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