O objetivo principal das articulações vai além do convencimento dos opositores, segundo analistas políticos ouvidos pela mídia conservadora. Os esforços de Dino buscam criar um ambiente mais propício e harmonioso para a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) marcada para quarta-feira, ao longo do dia.
Por Redação - de Brasília
Ministro da Justiça e Segurança Pública, o senador, ex-desembargador e ex-governador do Estado do Maranhão Flávio Dino, com apoio de aliados e assessores mais próximos, ampliou os esforços para ampliar diálogo com os colegas do Senado que votarão nesta quarta-feira para que assuma uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF). Até nomes da oposição, contrários à sua indicação, têm sido procurados.
O objetivo principal das articulações vai além do convencimento dos opositores, segundo analistas políticos ouvidos pela mídia conservadora. Os esforços de Dino buscam criar um ambiente mais propício e harmonioso para a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) marcada para quarta-feira, ao longo do dia.
Indecisos
Nove dos 27 integrantes da CCJ já optaram por não declarar publicamente seus votos, enquanto seis manifestaram-se contra a indicação de Dino e 12 a favor. No universo dos 81 senadores, 35 se mantêm indecisos, 21 declaram voto contrário e 25 estão a favor da chegada do ministro ao STF.
Dino e seus aliados concentraram esforços nos blocos de senadores indecisos ou contrários à indicação. Interlocutores de Flávio Dino buscaram contato com o líder do PL, Carlos Portinho (RJ), durante o fim de semana, embora o encontro não tenha se concretizado. Portinho é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Outro alvo das negociações tem sido o senador Sergio Moro (União-PR), opositor ferrenho que, embora não tenha revelado o voto, tende a ser contrário à indicação de Lula ao STF.
Nos bastidores, no entanto, a oposição a Dino tem trabalhado com afinco. Nas últimas horas, senadores bolsonaristas lançaram uma nova onda de ataques contra Dino, associando-o ao "comunismo" e ao “crime organizado”.
‘Comunista’
Dino será sabatinado na CCJ do Senado e os adversários bolsonaristas têm buscado qualquer argumento que possa comprometer a votação em Plenário, onde conta com mais de 10 votos além dos 41 necessários para ser aprovado. No último fim de semana, parte dos senadores de oposição tentaram organizar atos contrários ao ministro, sem sucesso.
O senador bolsonarista Jorginho Seif chegou a subir em um carro de som na Avenida Paulista, recentemente, para disparar acusações infundadas contra seus adversários e ofendê-los. Ele taxou Dino de "comunista imundo" enquanto gritava a plenos pulmões para uma plateia de apoiadores de Bolsonaro.
Outro senador que espalhou notícias falsas sobre o ministro foi o bolsonarista Carlos Portinho (PL-RJ), que divulgou em suas redes sociais um vídeo de pessoas supostamente afiliadas ao crime organizado celebrando uma decisão do STF e convocando um ato em apoio ao indicado.