Onda de denúncias que atinge a Secom leva governo a buscar substitutos

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Publicado Quinta, 06 de Fevereiro de 2020 às 13:04, por: CdB

Para o lugar de Wajgarten, investigado pela Polícia Federal (PF) por suspeita de corrupção, o nome mais palatável para a caserna, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil junto a fontes independentes, no Planalto, é o do jornalista Alexandre Garcia. Ele se tornou uma opção em face do passado de apoio à ditadura militar.

 
Por Redação - de Brasília
  A onda de denúncias que atinge a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República tem levado os principais assessores militares do governo a sugerir nomes que possam substituir o atual chefe do setor, o advogado Fabio Wajngarten, e o recém-indicado para o comando da Diretoria de Conteúdo e Gestão de Canais Digitais da autarquia, o publicitário Luiz Galeazzo.  
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Galeazzo posa ao lado de duas mulheres, durante bacanal documentado em rede social
Para o lugar de Wajgarten, investigado pela Polícia Federal (PF) por suspeita de corrupção, o nome mais palatável para a caserna, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil junto a fontes independentes, no Planalto, é o do jornalista Alexandre Garcia. Ele se tornou uma opção em face do passado de apoio à ditadura militar. Garcia foi assessor do general João Baptista Figueiredo, último ditador dos conhecidos ‘Anos de Chumbo’. O nome do general Otávio Rêgo Barros, atual porta-voz da Presidência, chegou a ser cogitado, mas o próprio presidente Bolsonaro teria optado por mantê-lo no posto. A substituição de Wajngarten tem sido exigida por setores da direita que apoiaram a eleição do mandatário neofascista. Na internet, esses grupos dizem que Wajngarten deveria pedir demissão, para proteger o chefe imediato com a mesma intensidade com que se defende das acusações.

Bacanal

O Ministério Público Federal (MPF) pediu, e a Polícia Federal (PF) aceitou a demanda para investigar Wajngarten, após denúncia publicada no diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP). O empresário é sócio majoritário de uma empresa, a FW Comunicação, que recebe dinheiro de emissoras de TV, como Band e Record, e de agências contratadas pela Secom e por ministérios e estatais do governo federal, que precisam da Secom para receber seus ativos. Não bastasse a denúncia de corrupção contra Wajngarten, a hipocrisia do indicado a uma das diretorias da Secom também ganhou conhecimento público, na véspera, em uma mensagem do deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) publicada nas redes sociais. O parlamentar divulgou uma foto íntima de Luiz Galeazzo. Logo após o publicitário ser apontado como futuro integrante da Secom, Frota publicou em sua conta no Twitter uma foto em que o influenciador digital de ultradireita aparece com duas mulheres nuas, mordendo a nádega de uma delas. "Vejam o conservadorismo do Bolsonaro. Esse é o Luiz Galeazzo que será o novo secretário de mídias digitais da Secom. Convidado para trabalhar no governo", escreveu o deputado.

Ataque

Frota marcou na publicação os perfis da secretaria vinculada à Presidência, da Igreja Universal do Reino de Deus, do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Cidadania, Osmar Terra, além de veículos de comunicação. Em seu perfil do Instagram, no fim da tarde passada, Galeazzo afirmou que se trata de uma foto antiga. Segundo ele, foi um ataque covarde e criminoso. Nesta quinta-feira, ele apagou todas as publicações nas redes sociais e emitiu uma nota: "Tive minha vida íntima exposta numa foto antiga usada e repercutida por um político e parte da imprensa para me atacar por conta de minha posição política. Um ataque covarde e criminoso que atinge não só a mim, mas a minha família e atual namorada. Medidas cabíveis serão tomadas.”

Falso moralista

Procurado por jornalistas, o deputado do PSDB afirmou que a foto estava na internet e que decidiu publicá-la para expor "a hipocrisia e o falso moralismo". — Essas fotos já estavam nas redes, estavam numa nuvem. Esse é o Galeazzo em ação no conservadorismo. Eu decidi postar para mostrar para as pessoas que a hipocrisia e o falso moralismo estão latentes nesse governo do Bolsonaro — disse. Frota, um ex-ator pornô, disse ainda que "é bom que as pessoas vejam que todos têm seu telhado de vidro". — Eu sou um cara tão atacado, mas é bom que as pessoas vejam que todos têm seu telhado de vidro e todos têm algo a dizer que fizeram no verão passado — acrescentou. A interlocutores, o publicitário disse ter recebido de Wajngarten “a missão de transformar a diretoria de Canais Digitais da Secom”. Além do reposicionamento da publicidade do governo nas mídias sociais, caberia a ele organizar uma equipe capaz de dar respostas rápidas ao que Wajngarten chamou de "ataques da imprensa ao governo”.
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