Maia sobe o tom contra Bolsonaro, mas não engana ninguém

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Publicado Segunda, 11 de Janeiro de 2021 às 14:14, por: CdB

A retórica explosiva, no entanto, não conseguiu enganar mesmo os mais incautos analistas políticos do país, uma vez que, nesta manhã, coube ao vice-presidente da República, o general Hamilton Mourão, desmascarar as candidaturas tanto de Baleia Rossi (MDB) quanto de Arthur Lira (PP).

Por Redação - de Brasília

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), subiu o tom contra o presidente Jair Bolsonaro, nas redes sociais, ao chamar o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) de “covarde” por querer transferir a culpa pela má gestão diante da pandemia ao ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. Maia apontou o dedo para o mandatário neofascista: “Bolsonaro: 200 mil vidas perdidas até agora. Você tem culpa”, declarou no Twitter.

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Rodrigo Maia (DEM-RJ) faz de conta que é contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

A retórica explosiva, no entanto, não conseguiu enganar mesmo os mais incautos analistas políticos do país, uma vez que, nesta manhã, coube ao vice-presidente da República, o general Hamilton Mourão, desmascarar as candidaturas tanto de Baleia Rossi (MDB) quanto de Arthur Lira (PP).

— Ambos são governistas — afirmou Mourão.

Impeachment

Outro ponto que enfraquece o rompante de Maia é o fato de ele continuar sentado sobre os 56 pedidos de impeachment protocolados contra o chefe do Executivo. Na última quinta-feira, foi a vez de o PT apresentar mais um pedido de impedimento. Como motivo, estão as declarações de Bolsonaro debochando da tortura sofrida pela presidenta deposta Dilma Rousseff, durante a ditadura.

Para o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, as críticas de Maia contra o presidente Bolsonaro são para tentar manter o apoio dos partidos de esquerda à candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara. Na outra ponta, é justamente o descaso com a pandemia que pode levar Bolsonaro ao impeachment, segundo o analista.

— Por exemplo, por ter gasto uma quantidade imensa de recursos para produzir cloroquina, e não ter conseguido antecipar a compra de vacinas e agulhas. Ou até mesmo a falta de interesse na compra de vacinas de outros laboratórios. Além disso, ele terá que justificar as 200 mil mortes, as filas em hospitais e a falta de coordenação das ações, por parte do governo federal — afirmou Niccoli em entrevista à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA), nesta manhã.

Sinais difusos

Candidato apoiado por Maia, Baleia Rossi chegou a dizer, no sábado, que não é “bom momento” para tratar do impeachment de Bolsonaro.

— Precisamos hoje de estabilidade. E reafirmo que não houve compromisso de abertura de impeachment. Todos têm que trabalhar por uma unidade — declarou o candidato governista que, no entanto, recebe o apoio dos partidos da centro-esquerda.

Essa declaração, no entanto, causou insatisfação entre lideranças de partidos que o acompanham na disputa contra Arthur Lira, que conta com respaldo escancarado do governo.

“Dar resposta a crimes do Executivo é o item 3.6 do compromisso de Baleia Rossi com a oposição. Inclui analisar denúncias de crimes do presidente da República, mesmo que não haja acordo para aprovar impeachment. Ao negar o que tratamos e fechar essa possibilidade, Baleia perderá votos do PT”, defendeu-se, pelo Twitter, a deputada Gleisi Hoffman (PT-PR), presidente da agremiação partidária.

Contudo, após o mal-estar, Baleia disse que falou com Gleisi. ”Ressaltei que vou honrar cada compromisso firmado com os partidos de oposição, o que inclui usar todos instrumentos constitucionais em defesa da democracia. Antecipar juízos agora não ajuda. Isso é o que disse à Folha”, declarou o deputado, também pelas redes sociais.

Com o DEM

No Senado, a bancada do PT também tomou uma decisão controversa. Decidiu, nesta segunda-feira, apoiar a candidatura do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) à Presidência da Casa. O anúncio do feito pelo senador Humberto Costa (PT-PE), um dos seis parlamentares do partido no Senado. Rodrigo Pacheco, de 44 anos, é o candidato do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que também reza pela cartilha de Bolsonaro.

Em 2016, quando era deputado federal pelo PMDB, Rodrigo Pacheco votou a favor do golpe contra a presidente Dilma Rousseff.

Na disputa pelo comando do Senado, ele deve enfrentar um candidato do MDB, cujo nome deve ser divulgado até a sexta-feira. Além do PT, Pacheco também conseguiu o apoio do PSD, que tem 11 senadores, e do Republicanos, partido do senador Flávio Bolsonaro, primogênito do mandatário e alvo de processo por envolvimento com a milícia armada que domina vasto território no Estado do Rio.

A eleição deve ocorrer no início de fevereiro. Para ser declarado vencedor o candidato precisa ter pelo menos 41 votos dos 81 senadores da Casa.

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