Lula nega, mas emissários tentam negociar apoio do PT à direita

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Publicado Segunda, 02 de Dezembro de 2019 às 12:15, por: CdB

Um número cada vez maior de seguidores de Lula, dentro e fora do PT, aposta em uma convergência com setores da direita e da centro-direita.

 
Por Redação - do Rio de Janeiro e São Paulo
  Em uma de suas recentes entrevistas a blogs da centro-esquerda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — líder do partido com maior bancada na Câmara dos Deputados — negou que o PT busque uma linha de diálogo com as forças da direita, mas vários de seus apoiadores seguem na direção contrária, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil.
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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, tem sido sondado para uma conversa com Lula, sobre uma frente anti-bolsonarista
Traços desta intenção do líder petista, de abrir um canal de negociação com o DEM, dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, David Alcolumbre; e parcela do PSDB dissidente, que não apoia uma possível candidatura do governador de São Paulo, João Doria, ao Palácio do Planalto, tem vazado para a mídia conservadora e sites progressistas. E já conquista alguns seguidores.

Embate

Nesta segunda-feira, a jornalista Daniela Lima, editora da coluna Painel, no diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, revela que “emissários de Lula começaram a procurar dirigentes de partidos de centro com recados de que o petista quer conversar sobre política. A recepção ao chamado tem sido reticente, mas polida. Ninguém diz que está de portas fechadas mas, segundo um presidente de legenda que foi procurado, também não há pressa em reativar o contato”.. Para o jornalista Ricardo Bruno, editor de seu próprio blog, no Rio de Janeiro, Lula e Maia têm muito a conversar, ainda que ambos neguem qualquer iniciativa nesse sentido. “O esgarçamento das relações institucionais, com ataques à imprensa, aos ministros do Supremo Tribunal Federal, aos grupos de defesa do meio ambiente, às minorias e, de resto, aos que pesam diferente, está  paralisando o país. Este embate diuturno, ilógico, irracional, rancoroso, visceral, não permite a mínima coesão em torno de projetos que verdadeiramente interessam a vida das pessoas. Há uma enorme drenagem da capacidade propositiva nacional diante do octógono em que o presidente desfere golpes e ameaças aos diferentes”, escreveu Bruno.

Força política

Para o articulista, que já ocupou a secretaria de Comunicação Social do Estado do Rio, no governo da governadora Rosinha Garotinho, “não há, pois, outra saída senão a união das forças democráticas do país. Não basta juntar as esquerdas; é necessário construir um amplo pacto pela democracia, no qual se incluem necessariamente os partidos de centro, entre os o quais o DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e as demais siglas que gravitam em torno de sua liderança”. Uma aproximação entre dois campos antagônicos, “a tentativa das forças de Centro de construir uma narrativa junto à sociedade brasileira, apresentando-se como alternativa de poder é legitima; mas de baixa chance de êxito”, reconhece o articulista. “A radicalização empurrou o país para os polos, onde estão o PT e os seguidores do presidente. Hoje, estes dois blocos representam mais de 60% da força política nacional. Não há como prescindir de ambos na construção de um projeto eleitoral vitorioso”, acredita. “Se a pauta econômica aproxima, o desapreço à democracia e suas nuances não só afasta como inviabiliza a convivência entre o Centro e Bolsonaro. Por exclusão, experiência e bom senso, a reconstrução democrática do país deve ser feita em aliança com o PT. É do diálogo entre Maia e Lula que podem surgir as bases de uma ampla concertação, capaz de superar o impasse ideológico que nos aprisiona em um debate estéril, impossibilitando a retomada do desenvolvimento econômico e a queda do desemprego”, argumenta o jornalista de centro-direita.

Democracia

Ainda segundo Bruno, “a história mostra que Lula tem compromisso com os valores democráticos. Deu mostras disto no  exercício do poder. Os adversários lhe imputam perigos que sua trajetória de vida se encarrega de desfazer”. “Firmeza não pode ser confundida com radicalização. Lula, portanto, tem todas as credenciais para ser o condutor deste processo de retorno ao pleno Estado democrático de direito, com desenvolvimento econômico e garantia de direitos sociais. Vaidades devem ser substituídas pelo senso de preservação dos valores básicos da ordem legal emanada pela Constituição de 88”, reforça. O país, resume o autor, “não pode ficar a reboque de projetos que ameacem a jovem, mas pujante democracia brasileira. Para isto, é necessário um mínimo de entendimento entre os atores sociais comprometidos com o estado de direito.  Entre os quais a imprensa, hoje tão vilipendiada pelo presidente que ajudou a eleger. Não há outro caminho”.
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