Rio de Janeiro, 12 de Outubro de 2024

Lula critica intervenção dos EUA no setor de Defesa nacional

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Sexta, 11 de Outubro de 2024 às 19:00, por: CdB

Na entrevista que concedeu a uma rádio, nesta manhã, Lula ressaltou a soberania do país na decisão e classificou a ação norte-americana como uma “intromissão” injustificada.

Por Redação, com ABr – de Brasília

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não poupou críticas aos Estados Unidos por um pedido de informações sobre a compra dos caças suecos Gripen pelo Brasil, concretizado ainda no governo da presidenta deposta Dilma Rousseff (PT). O negócio, firmado em 2014, envolveu a aquisição de 36 aeronaves militares do modelo Gripen, fabricadas pela Saab, como parte do Projeto FX-2, considerado a maior compra militar da história recente do Brasil e da América Latina.

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Presidente Lula volta a criticar os EUA por, mais uma vez, querer ser o xerife do mundo

Na entrevista que concedeu a uma rádio, nesta manhã, Lula ressaltou a soberania do país na decisão e classificou a ação norte-americana como uma “intromissão” injustificada.

— Eu não tenho conhecimento de como foi comprado o avião. O que eu sei é que a companheira Dilma comprou um avião que era acho que mais econômico, me parece que mais barato e a manutenção custava menos. E é um avião de um conjunto de países. É um sueco que tem participação da Inglaterra e de vários outros países. E eu sinceramente acho que um pedido de informação dos Estados Unidos é intromissão dos Estados Unidos em uma coisa de outro país. É descabida essa informação — afirmou Lula, deixando claro seu desconforto com o pedido de Washington.

Suspeitas

A controvérsia surgiu após o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) anunciar, no início deste ano, uma investigação envolvendo a Saab. O DOJ solicitou à fabricante sueca esclarecimentos sobre o contrato bilionário com o Brasil, o que levanta suspeitas sobre os reais interesses norte-americanos. Em resposta, a Saab garantiu que cooperará com as investigações e reiterou que já foi investigada anteriormente por autoridades brasileiras e suecas, sem que qualquer irregularidade fosse encontrada.

A ação dos norte-americanos levanta suspeitas de lawfare, o que não é por acaso. O conceito, que combina “lei” e “guerra”, refere-se ao uso estratégico de processos judiciais como ferramentas para intimidar e constranger adversários econômicos ou políticos. Para analistas, a ofensiva dos EUA contra a Saab reflete uma tentativa de enfraquecer a empresa sueca e, indiretamente, favorecer seus próprios interesses industriais no setor de defesa.

Manipulação

Lula também relembrou experiências passadas sobre a pressão norte-americana.

— Os (norte-)americanos, na verdade, são meio ‘hegemonistas’. Quando eu era presidente eu queria comprar um (caça Dassault) Rafale francês, porque tem mais tradição, mais experiência. Eu não quis comprar porque faltava nove meses para deixar o governo e eu falei ‘bom, é uma dívida muito grande, vou deixar para o próximo presidente escolher’. Mas os (norte-)americanos não gostaram quando eu disse que ia comprar. Eles queriam que comprasse o avião deles. E certamente não gostaram quando a Dilma disse que ia comprar o sueco — afirmou.

Especialistas europeus e brasileiros, no entanto, veem com ceticismo a investigação do DOJ. Na Europa, há o consenso em formação quanto às ações judiciais dos EUA terem se tornado uma forma de manipular o mercado global de defesa, prejudicando empresas que não seguem a cartilha dos interesses yankees.

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