Ligação entre Bolsonaro e milícias armadas e violentas é denunciada no NYT

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Publicado Segunda, 23 de Dezembro de 2019 às 12:29, por: CdB

Segundo a reportagem, os assassinatos são “estimulados pelo presidente Jair Bolsonaro e por sua afirmação de que criminosos devem morrer como baratas”. De acordo com o texto “parte esquadrão da morte, parte crime organizado, suas fileiras estão cheias de policiais de folga e aposentados que matam à vontade, muitas vezes com total impunidade”.

 
Por Redação - de Nova York, NY-EUA, e São Paulo
  A constatação quanto a um possível envolvimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com as milícias armadas, em atuação na maior parte dos Estados brasileiros, ganhou as páginas do diário norte-americano The New York Times (NYT), na sua edição desta segunda-feira. Na extensa reportagem, assinada por Azam Ahmed, chefe da sucursal do NYT para o Mexico, América Central e Caribe, com apoio de Yan Boechat, desde Belém, no Pará, as milícias policiais “operam nas sombras da repressão do governo brasileiro”.
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Muitos policiais, treinados para matar, integram as milícias em seus dias de folga
Segundo a reportagem, os assassinatos são “estimulados pelo presidente Jair Bolsonaro e por sua afirmação de que criminosos devem morrer como baratas”. De acordo com o texto “parte esquadrão da morte, parte crime organizado, suas fileiras estão cheias de policiais de folga e aposentados que matam à vontade, muitas vezes com total impunidade”. “Alguns membros de milícia são abertos sobre suas motivações criminosas, cobrando altas somas ao estilo da máfia”, para fornecer suposta segurança ou para conceder permissão para “atuar no comércio local”, aponta ainda a coluna. “As milícias operam nas sombras de uma severa repressão ao crime pelo governo brasileiro, que declarou abertamente guerra às gangues, ladrões e traficantes de drogas que afetam o país”, acrescenta.

Onda de crimes

Mas, os assassinatos cometidos por policiais, segundo o NYT, “dispararam nos últimos anos, uma vez que uma força conhecida há muito tempo por sua mortalidade conseguiu superar a si mesma. O número de pessoas mortas oficialmente pela polícia atingiu uma alta de cinco anos no ano passado, subindo para 6.220 - uma média de 17 pessoas por dia, de acordo com o Fórum de Segurança Pública do Brasil, que compila dados do governo”. “Os assassinatos da polícia podem exceder esse ano, persuadidos pelo presidente Jair Bolsonaro e sua alegação de que os criminosos devem "morrer como baratas”. As mortes provocaram um debate familiar no Brasil. Os defensores dos direitos humanos denunciam a abordagem pesada como desumana e ineficaz, enquanto os defensores dizem que é a única maneira de enfrentar uma onda de crimes que coloca todo o país em risco”, relata. Até os policiais, no entanto, reconhecem que as estatísticas oficiais são apenas parte da imagem (institucional). “Existe uma forma paralela de violência policial, mascarada do público e realizada por milícias ilegais que chamam a atenção de policiais com pouca paciência ou respeito pelo devido processo, de acordo com entrevistas com milicianos aqui em Belém”, escreve Yan Boechat.

Um herói

“Por sua própria admissão, grupos de oficiais de folga e aposentados cometem regularmente assassinatos extrajudiciais, tendo como alvo pessoas que consideram criminosos, ladrões e assassinos de policiais sem um mandado de prisão”. — Vamos atrás de criminosos que ferem pessoas inocentes — disse um comandante da milícia que, como outros, pediu que seu nome fosse retido porque confessou ter matado extrajudicialmente. “Segundo eles, os milicianos estão prestando um serviço público, eliminando ameaças à sociedade que, temem, nunca serão condenadas ou simplesmente participarão de amplas redes criminosas da prisão, como costuma acontecer no Brasil”, acrescenta a matéria. — Eu matei mais de 80 criminosos no meu tempo como policial. Eu sou um herói para o meu povo. Eles me amam — disse outro líder da milícia. A América Latina está no meio de uma crise de homicídios. “Mais assassinatos ocorrem nas cinco nações mais violentas da região do que em todas as principais zonas de guerra combinadas, de acordo com o Instituto Igarapé, que rastreia a violência em todo o mundo”, conclui a reportagem.
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