Investigações sobre corrupção crescem mas Lira escapa de denúncia, no STF

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Publicado Terça, 06 de Junho de 2023 às 15:22, por: CdB

A ‘Operação Hefesto’, da PF, investiga desvios de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao Ministério da Educação. A suspeita é de fraude em licitação e lavagem de dinheiro na compra de kits de robótica para escolas em Alagoas, reduto eleitoral de Arthur Lira.


Por Redação - de Brasília

Presidente da Câmara e líder do grupo conhecido como ‘Centrão’, o deputado Arthur Lira (PP-AL), é alvo de uma operação da Polícia Federal (PF), em curso, para desbaratar um suposto esquema de desvio de verbas públicas abastecido por emendas parlamentares de seu gabinete. Ainda nesta terça-feira, Lira conseguiu escapar de uma acusação de corrupção no Supremo Tribunal Federal (STF) .

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Presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) é no alvo de um processo rumoroso na PF


A ‘Operação Hefesto’, da PF, investiga desvios de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao Ministério da Educação. A suspeita é de fraude em licitação e lavagem de dinheiro na compra de kits de robótica para escolas em Alagoas, reduto eleitoral de Arthur Lira. Segundo as investigações, houve superfaturamento na compra dos kits entre 2019 e 2022, gerando um prejuízo de R$ 8,1 milhões aos cofres públicos.

Outro alvo de operação, a prefeitura de Canapi, localizada a 260 quilômetros de Maceió, em Alagoas, pagou R$ 5,8 milhões para a compra de 330 kits de robótica destinados aos alunos em 2021. O dinheiro público utilizado nessa aquisição, segundo as investigações policiais, foi repassado ao município por meio do chamado "orçamento secreto", a pedido de Lira.

Documentos


Canapi é uma das cidades que adquiriram os kits e que têm problemas básicos de infraestrutura, como faltas de salas de aula, de internet e até de água encanada. Além disso, cada kit foi adquirido pelas prefeituras por R$ 14 mil, valor muito superior ao praticado no mercado e ao de produtos de ponta de nível internacional. As investigações chegaram a Luciano Cavalcante, assessor mais próximo de Lira e que trabalhava na liderança do PP na Câmara e agora está preso.

Lira nega qualquer envolvimento com os fatos investigados e não é alvo da operação. Em sua defesa, afirmou não ter sido responsável pela indicação dos recursos, alegando que a decisão cabia à Mesa Diretora da Câmara. Documentos enviados por Lira ao Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, contradizem essa versão, revelando seu apoio às emendas direcionadas a Alagoas, seu reduto eleitoral.

Segundo o relatório da investigação da PF vazado para a mídia conservadora, foi constatado que as escolas de Canapi são desprovidas até de itens básicos como bebedouros, mesas para refeitório e equipamentos para aulas de robótica. Apesar disso, 92% dos recursos federais foram destinados à compra dos kits, em detrimento de outras necessidades estruturais.

Canapi


Até agora, a prefeitura de Canapi não se pronunciou sobre o assunto. Os quase R$ 6 milhões foram pagos à empresa Megalic, pertencente ao casal Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda (PP), que possui laços estreitos com Arthur Lira. A PF investiga indícios de fraude em licitação e lavagem de dinheiro nessa operação.

O caso incomoda tanto o presidente da Casa que ele foi, pessoalmente, reclamar ao diretor-geral da PF, delegado Andrei Rodrigues, por divulgação de ação policial contra seus assessores. Lira considera que houve vazamento de informações. Inicialmente, Lira reclamou com os assessores parlamentares da PF, que atuam no Congresso, que o colocaram em contato com Andrei Rodrigues.

A PF afirma que não divulgou nenhum dado a jornalistas, mas não tem controle da circulação das informações. O Ministério Público Federal, a Controladoria-Geral da União e os advogados dos envolvidos têm acesso aos autos, acrescentou Rodrigues.

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