IBGE: mesmo antes da pandemia, situação econômica era muito ruim

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Publicado Quinta, 19 de Agosto de 2021 às 11:39, por: CdB

De acordo com o levantamento, 46,2% dos brasileiros (95,6 milhões de pessoas) pertenciam a famílias que haviam atrasado ao menos uma conta fixa, no intervalo de 12 meses, em razão do aperto no bolso. A fatia de 53,8%, por outro lado, não registrou atrasos.

Por Redação - do Rio de Janeiro
Mesmo antes da pandemia, cerca de metade das família brasileiras havia atrasado o pagamento de ao menos uma conta mensal fixa, em face das dificuldades financeiras. A situação piorou, ao longo dos últimos 17 meses, com a disseminação do vírus da covid-19. A informação integra a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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A maioria dos brasileiros tem contas em atraso e o dinheiro vale cada vez menos, segundo constata a pesquisa do IBGE
De acordo com o levantamento, 46,2% dos brasileiros (95,6 milhões de pessoas) pertenciam a famílias que haviam atrasado ao menos uma conta fixa, no intervalo de 12 meses, em razão do aperto no bolso. A fatia de 53,8%, por outro lado, não registrou atrasos. André Martins, pesquisador do IBGE, avalia que os dados de 2017 e 2018 já refletiam um cenário de dificuldades para uma parte considerável da população. À época, os agentes econômicos buscavam superar os  economia tentava deixar para trás a herança da recessão de 2015 e 2016, que prejudicou a geração de emprego e renda. Com a chegada da pandemia de covid-19, em 2020, a perspectiva é de piora nos dados, segundo Martins. — Quando há um evento negativo, a tendência é de piora — reflete o pesquisador.

Prestação

O levantamento do IBGE sinaliz que as faturas de água, luz e gás foram as mais afetadas pelas restrições nos orçamentos familiares entre 2017 e 2018. De acordo com o instituto, 37,5% da população vivia em famílias que reportaram atraso no pagamento desse tipo de conta mensal em razão das dificuldades financeiras. O acerto postergado de despesas com prestação de bens e serviços (26,6%), como TV a cabo, e aluguel ou prestação de imóvel (7,8%) vieram na sequência da lista. A pesquisa ainda detalha que 30,4% da população integrava famílias que haviam atrasado pelo menos uma conta fixa e que tinham pretos e pardos como pessoas de referência (responsáveis por gastos). O percentual foi menor para aquelas famílias cujas pessoas de referência eram de cor branca (15,2%). No recorte por nível de instrução, foi observado que as famílias com atrasos e com pessoas de referência com menor escolaridade, até o Ensino Fundamental completo, concentravam 26% dos moradores no país. — Essas famílias são mais afetadas diretamente (pelas dificuldades). A decomposição por grupos colabora para uma visão sobre o cenário como um todo — acrescenta Martins.

Compromissos

A edição anterior da POF reuniu dados de 2008 e 2009. Conforme o IBGE, houve alterações em questionamentos, e os dados apresentados nesta quinta-feira não são comparáveis. O estudo também apontou que 72,4% dos brasileiros viviam em famílias que relataram alguma dificuldade para pagar suas despesas mensais em 2017 e 2018. Outras 27,6% indicaram algum nível de facilidade para quitar seus compromissos fixos. Em 2017 e 2018, 83,3% da população vivia em famílias nas quais algum integrante tinha acesso a serviços financeiros. Os percentuais foram de 66,2% para conta corrente, de 49,9% para cartão de crédito, de 55,9% para caderneta de poupança e de 19,5% para o cheque especial.
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