Itaipu produz a energia mais cara no conjunto de hidrelétricas

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Publicado Segunda, 29 de Abril de 2024 às 18:20, por: CdB

Na média, o MWh desse grupo custou R$ 101,78. Ou seja, nesse recorte, o preço de Itaipu é quase o triplo. A energia da usina binacional custou praticamente o dobro do valor da mais cara desse grupo, a hidrelétrica de Ilha Solteira, cuja tarifa ficou em R$ 148 no ano passado.


Por Redação - de São Paulo

Entre as grandes hidrelétricas do país, o custo de geração da usina binacional de Itaipu é o mais alto. O dado consta do ‘Levantamento da Frente Nacional de Consumidores de Energia’, divulgado nesta segunda-feira pela Frente de Consumidores de Energia.

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A gigantesca usina de Itaipu produz a energia mais cara do país


A tarifa da usina para as 31 distribuidoras que são obrigadas a comprar a sua energia ficou em R$ 294 pelo MWh (megawatt-hora), ao longo do ano passado. O valor fica muito distante do praticado por oito outras grandes hidrelétricas que são comparáveis à Itaipu, pagos os custos de construção e instalação. Todas têm ganhos de escala, produziram acima de 5 milhões de MWh e oferecem preços menores.

Na média, o MWh desse grupo custou R$ 101,78. Ou seja, nesse recorte, o preço de Itaipu é quase o triplo. A energia da usina binacional custou praticamente o dobro do valor da mais cara desse grupo, a hidrelétrica de Ilha Solteira, cuja tarifa ficou em R$ 148 no ano passado. Em relação ao valor de Xingó, a mais econômica, com tarifa de R$ 56, Itaipu custou cinco vezes mais.

 

Tarifas


De acordo com o relatório, a tarifa de Itaipu para as distribuidoras deveria ser equivalente à praticada pelas hidrelétricas mais antigas, como Furnas e Itaparica, cuja tarifa no ano passado ficou, respectivamente, em R$ 65 e R$ 70.

No ano passado, a tarifa de Itaipu classificada de Custo Unitário dos Serviços de Eletricidade (Cuse), foi de US$ 16,71 kW/mês (R$ 85,52 pelo quilowatt por mês). Para ser praticado no mercado brasileiro, no entanto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adiciona outros custos pagos pelos consumidores brasileiros aos custos da hidrelétrica, entre eles a cessão de energia para o Paraguai. No ano passado, esse valor final foi de R$ 235,70 pelo MWh.

O estudo adiciona, para efeito de comparação, o custo de conexão ao sistema, incluído em todas as tarifas de hidrelétricas repassadas às distribuidoras, chegando aos R$ 294.

 

Dívida


Como critério para selecionar as oito usinas, o levantamento avaliou a tarifa de energia de 59 hidrelétricas inseridas no sistema de cotas para o chamado mercado cativo, que presta serviços às famílias; além das pequenas e médias empresas ligadas à baixa tensão. Dados oficiais da Aneel mostram que a tarifa média desse grupo foi de R$ 153 por MWh no ciclo 2023/2024, substancialmente menor.

Analistas têm afirmado que a diferença de preço não cumpre qualquer diretiva técnica. À medida que o custo da dívida para a construção de Itaipu foi caindo, até zerar, no ano passado, os governos de Brasil e Paraguai elevaram a transferência de recursos do caixa da hidrelétrica para bancar investimentos públicos dos dois lados da fronteira, por meio da oferta de projetos socioambientais e obras.

— O levantamento foi feito a partir partir de dados da agência do setor de energia elétrica e, por isso, traz números comparativos. Essa comparação deixa claro que Itaipu tem ineficiências aumentando a sua tarifa —ineficiências na gestão e no uso dos recursos da exploração de energia, que estão sendo dirigidos para outros fins — resumiu Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional de Consumidores de Energia.

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