Guedes cede a Bolsonaro e estuda alternativa ao Renda Brasil

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Publicado Quinta, 27 de Agosto de 2020 às 15:06, por: CdB

O tom do discurso de Bolsonaro impactou no mercado financeiro, que reagiu de imediato com a alta recorde do dólar, nos últimos três meses, e o declínio das ações na bolsa de valores. Mesmo no Planalto, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, a declaração soou como uma ‘fritura explícita’ do ministro.

Por Redação - de Brasília
‘Fritado’ em fogo alto no Palácio do Planalto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda tenta permanecer no cargo mesmo depois de ser desautorizado, publicamente, em declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na véspera. Guedes disse a interlocutores, nesta quinta-feira, que finalizará a proposta alternativa para o Renda Brasil, programa elaborado pelo governo para substituir Bolsa Família, mesmo a contragosto.
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Bolsonaro disse que Guedes quer 'tirar dos pobres para dar aos paupérrimos', o que soou mal junto ao mercado financeiro
A equipe econômica estrutura um projeto no qual o novo benefício começaria a ser pago no ano que vem, a partir de R$ 220 ou R$ 230; mas ainda muito longe, portanto, dos R$ 300 demandados por Bolsonaro. O valor é próximo aos R$ 190, pagos atualmente no Bolsa Família.  Sem um consenso à vista no governo sobre os programas que seriam extintos para custear o Renda Brasil, a nova proposta de Guedes prevê que o programa tenha início com valor menor e os pagamentos seriam ampliados com o tempo. Guedes, assim, joga para o Congresso a decisão sobre quais os programas sociais deverão ser extintos. — A proposta, como a equipe econômica apareceu para mim, não será enviada ao Parlamento, não posso tirar de pobres para dar para paupérrimos — afirmou em discurso, durante cerimônia em Ipatinga (MG), na manhã passada.

Campos Neto

O tom do discurso impactou no mercado financeiro, que reagiu de imediato com a alta recorde do dólar, nos últimos três meses, e o declínio das ações na bolsa de valores. Mesmo no Planalto, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, a declaração soou como uma ‘fritura explícita’ do ministro. Nos bastidores, porém, o ministro concorda que Bolsonaro constrói a imagem de um mandatário ‘bonzinho’ e transfere para Guedes o papel de ‘vilão da história’. Guedes, há meses, foi transformado em alvo móvel para os ministros militares do governo, mais próximos ao presidente, que visam ampliar os gastos públicos. Diante das especulações de que Guedes estava demissionário, o Ministério da Economia precisou liberar um comunicado aos investidores, em que desmentia o boato e afirmava que o ministro continuava no cargo. O nome do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no entanto, voltou a circular como possível sucessor de Guedes.
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