Ex-primeira-dama é desmentida sobre lençóis do Alvorada

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Publicado Terça, 18 de Abril de 2023 às 17:02, por: CdB

Uma simples análise dos documentos públicos revela o gasto de R$ 35,3 mil com a aquisição de roupas de cama, mesa e toalhas de banho. A compra desmente o que disse a mulher de Bolsonaro ao afirmar que usou, por quatro anos no Alvorada, os seus próprios panos.


Por Redação - de Brasília

Foi preciso apenas uma consulta ao Portal da Transparência para descobrir que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) estaria contando uma mentira ao afirmar que não comprou um enxoval de luxo para sua estadia no Palácio do Alvorada. Ela fez a afirmação para rebater as constatações do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) de que vários móveis de propriedade da União estavam desaparecidos.

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Michelle alega não saber de existência das joias


Uma simples análise dos documentos públicos revela o gasto de R$ 35,3 mil com a aquisição de roupas de cama, mesa e toalhas de banho. A compra desmente o que disse a mulher de Bolsonaro ao afirmar que usou, por quatro anos no Alvorada, os seus próprios panos.

“Nós não fizemos nenhuma licitação de enxoval. Não tinha uma roupa de cama descente. Usei os meus lençóis na minha cama porque eu entendi o momento que nós estávamos vivendo — declarou, no domingo, em uma rede social.

A mesma afirmação persistiu, na véspera. Em entrevista ao canal norte-americano de TV CNN, a senhora Bolsonaro diz ter sido aconselhada a não fazer a despesa porque o fato poderia ser usado contra ela.

— (Diriam que eu tinha) saído de Ceilândia para comprar lençol de seda e viver no luxo em Brasília — afirmou, para justificar a mentira inicial.

Fio egípcio


Na realidade, contudo, ela e o marido realizaram duas licitações para renovação das roupas de cama e toalhas, em julho de 2020. Essa custou aos cofres públicos R$ 14,6 mil com a aquisição de itens diversos, como conjuntos de roupa de cama, colcha de cama de casal, fronha, travesseiro de plumas, toalhas brancas de fio egípcio e tapetes felpudos. Itens semelhantes já haviam sido comprados em dezembro daquele mesmo ano, no valor de R$ 20,6 mil.

Embora as informações sejam oficiais e constem de um programa do governo, a ex-primeira-dama insiste em afirmar que os lençóis eram de sua propriedade, embora não mantenha atitude semelhante com os mimos de ouro e brilhantes, avaliados em mais de R$ 16 milhões. Mesmo diante dos fatos, Michelle Bolsonaro insiste nas afirmações que fez à CNN.

Ainda no domingo, a ex-primeira-dama confessou, em publicações nas suas redes sociais, que fez alterações em um imóvel da União, ao retirar os móveis do Palácio do Alvorada, levá-los a local inserto e não sabido pelas autoridades e substituí-los por outros, não cadastrados. A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relata que 83 mobílias ainda não foram localizadas após a troca de gestão presidencial.

Mudança


“Esses móveis estão ou no depósito 5 do Palácio da Alvorada, ou no depósito da Presidência (não sabe, ao certo). Existe esse depósito com várias cadeiras, mesas, sofás, quadros. Você pode fazer esse rodízio. Quando a Marcela Temer me apresentou o Alvorada, ela me falou dessa possibilidade. Trazer os móveis da minha casa e poder utilizá-los no Alvorada — afirmou Michelle, no Instagram.

Ela alegou que realizou a mudança no segundo semestre de 2019 – seis meses após o início do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Até a pedido da minha filha Laura, que queria que nós fizéssemos uma sala com os nossos móveis da nossa casa no Rio de Janeiro. Então nós tiramos os móveis (do Alvorada), esses móveis foram para o depósito e eu coloquei os móveis do meu quarto e da sala”, fechou.

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