Entrevista de Lula à Time incomoda adversários e agrada aliados

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Publicado Quarta, 04 de Maio de 2022 às 12:51, por: CdB

A publicação lembra também que Lula aparece nas pesquisas com 45% das intenções de voto, ante 31% de Jair Bolsonaro. “Porém, esta diferença está diminuindo”, destaca. A repercussão, no Brasil, foi imediata. Os meios conservadores de comunicação criticaram a sinceridade do líder petista.

Por Redação - de São Paulo
Em entrevista de capa à revista norte-americana de ultradireita Time, divulgada nesta quarta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirma que se eleito vai levar o Brasil de volta aos bons tempos da sua gestão (2003-2010), que ele encerrou com taxa de aprovação de 83%. A entrevista foi realizada no fim de março na sede do PT em São Paulo.
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A entrevista de Lula à revista norte-americana de ultradireita Time ocorreu no fim de março
Segundo a revista, os desafios de Lula, se eleito, serão “reavivar uma economia debilitada, salvar uma democracia ameaçada e recuperar uma nação marcada pela segunda maior taxa mundial de mortalidade ligada à covid-19 e por dois anos de gestão caótica da pandemia”. A publicação lembra também que Lula aparece nas pesquisas com 45% das intenções de voto, ante 31% de Jair Bolsonaro. “Porém, esta diferença está diminuindo”, destaca. A repercussão, no Brasil, foi imediata. Os meios conservadores de comunicação criticaram a sinceridade do líder petista, justamente o que levou aos elogios junto à centro-esquerda.

Nostalgia

A entrevista à Time tratou do tempo em que Lula passou na prisão, sobre a guerra na Ucrânia e para saber se seus planos para o Brasil estão baseados em “algo além da nostalgia”, afirma a revista. Lula afirmou que há uma expectativa de que ele volte a presidir o país “porque as pessoas têm boas lembranças do tempo em que eu fui presidente. As pessoas trabalhavam, as pessoas tinham aumento de salário, os reajustes salariais eram acima da inflação. Então eu penso que as pessoas têm saudades disso e as pessoas querem isso melhorado”. O petista colocou no centro de suas propostas para o novo governo o combate à desigualdade. — Eu tenho clareza de que eu posso resolver os problemas (brasileiros). Eu tenho a certeza de que esses problemas só serão resolvidos quando os pobres estiverem participando da economia, quando os pobres estiverem participando do Orçamento, quando os pobres estiverem trabalhando, quando os pobres estiverem comendo. Isso só é possível se você tiver um governo que tenha compromisso com as pessoas mais pobres — afirmou.

Negociação

Boa parte da entrevista é dedicada à análise do conflito entre Rússia e Ucrânia pelo ex-presidente. Lula considera que esse conflito eclodiu porque faltou investir nas negociações de paz. — Eu não conheço o presidente da Ucrânia. Agora, o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo. Ou seja, ele aparece na televisão de manhã, de tarde, de noite, aparece no parlamento inglês, no parlamento alemão, no parlamento francês como se estivesse fazendo uma campanha. Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação — acrescentou. E falou também das Nações Unidas. — É urgente e é preciso a gente criar uma nova governança mundial. A ONU de hoje não representa mais nada. A ONU de hoje não é levada a sério pelos governantes. Porque cada um toma decisão sem respeitar a ONU. O Putin invadiu a Ucrânia de forma unilateral, sem consultar a ONU. Os Estados Unidos costumam invadir os países sem conversar com ninguém e sem respeitar o Conselho de Segurança. Então é preciso que a gente reconstrua a ONU, coloque mais países, envolva mais pessoas. Se a gente fizer isso, a gente começa a melhorar o mundo — concluiu.
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