Discurso de Bolsonaro sobre indígenas lhe rende outro processo por racismo

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Publicado Sexta, 24 de Janeiro de 2020 às 11:12, por: CdB

Desde o início do governo, Bolsonaro vem defendendo que as reservas indígenas sejam abertas à agropecuária e à mineração, como forma de incentivar o desenvolvimento econômico da Amazônia.

 
Por Redação - de Brasília
  A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) informou, nesta sexta-feira, que vai processar o presidente Jair Bolsonaro por crime de racismo devido à afirmação do presidente de que os índios são cada vez mais “um ser humano igual a nós”.
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Candidata a vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos (PSOL), a índia Guajajara responde a Bolsonaro: "Nossas terras não estão à venda"
“Nós, povos indígenas, originários desta terra, exigimos respeito! Bolsonaro mais uma vez rasga a Constituição ao negar nossa existência enquanto seres humanos. É preciso dar um basta a esse perverso!”, disse a coordenadora-executiva da associação, Sonia Guajajara, em publicação no Twitter na noite passada. Guajajara acrescentou na publicação que a APIB entrará na Justiça contra Bolsonaro por crime de racismo. Procurada nesta sexta-feira, a associação não respondeu de imediato a pedido de informações adicionais sobre o processo.

Ser humano

Em vídeo exibido também na quinta-feira nas redes sociais, Bolsonaro afirmou, ao lado do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, que o governo quer integrar os indígenas à sociedade. — O índio mudou, está evoluindo, cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós. Então fazer com que o índio cada vez mais se integre à sociedade e seja realmente dono da sua terra indígena, é isso que nós queremos — afirmou. Desde o início do governo, Bolsonaro vem defendendo que as reservas indígenas sejam abertas à agropecuária e à mineração, como forma de incentivar o desenvolvimento econômico da Amazônia. O discurso é rejeitado por ambientalistas e técnicos no manejo de florestas. Indígenas e ambientalistas temem também que os planos do governo irão acelerar a destruição da floresta tropical. Na semana passada, um manifesto assinado por povos indígenas ao fim de quatro dias de reuniões na reserva do Xingu disse que Bolsonaro ameaça a sobrevivência dos índios por meio de “genocídio, etnocídio e ecocídio”. Bolsonaro já responde a outro processo, por racismo, por ter afirmado em um discurso no Clube Hebraica, na Zona Sul do Rio, durante a campanha eleitoral, que os negros são pesados em arrobas, unidade numérica usada para animais.
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