Desfile de blindados leva governo Bolsonaro ao ridículo mundial

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Publicado Quarta, 11 de Agosto de 2021 às 14:42, por: CdB

“Críticos denunciam Jair Bolsonaro por governar em um estilo de ‘República de bananas’ com sua decisão de mandar veículos de combate para as ruas da capital brasileira, em uma parada militar fora do comum. A atitude foi vista largamente como uma atitude beligerante do presidente de apoiar seu projeto (do voto impresso) a partir da força”, destaca o jornal inglês.

Por Redação - de Brasília
O desfile de materiais bélicos, entre eles carros blindados e tanques obsoletos, pela Praça dos Três Poderes, na véspera, promovida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com direito a uma paradinha em frente ao Palácio do Planalto, foi motivo de chacotas e charges de veículos de mídia ocidental. O respeitado diário britânico The Guardian resumiu: “República de bananas”, referindo-se à tentativa do mandatário de intimidar o Congresso, no dia em que a Câmara dos Deputados derrubou a PEC do voto impresso.
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Para ilustrar a matéria, o The New York Times publicou o instantâneo do repórter fotográfico Victor Moriyama
“Críticos denunciam Jair Bolsonaro por governar em um estilo de ‘República de bananas’ com sua decisão de mandar veículos de combate para as ruas da capital brasileira, em uma parada militar fora do comum. A atitude foi vista largamente como uma atitude beligerante do presidente de apoiar seu projeto (do voto impresso) a partir da força”, destaca o jornal inglês. Na sequência, o Guardian cita comentário do jornalista Brunno Melo no Twitter: “Ridículo. Grotesco. Lamentável. Desnecessário. Coisa de republiqueta de bananas”. A edição desta quarta-feira prossegue ao afirmar que o desfile foi “precipitadamente arranjado” e que não existem precedentes de movimentações do tipo desde o fim da ditadura civil-militar, em 1985. “A parada militar também vem acompanhada de uma sucessão de pronunciamentos incendiários e anti-democráticos do líder brasileiro. Um capitão aposentado do Exército com visão autoritária que afirma que não haverá eleições caso suas propostas não sejam aprovadas”, pontua.

Democracia frágil

Um dos jornais mais lidos do mundo, o diário norte-americano The New York Times produziu uma reportagem sob o título: ‘Bolsonaro desperta temores de uma tomada de poder com ataques ao sistema de votação do Brasil’ (Bolsonaro Prompts Fears of a Power Grab With Attacks on Brazil’s Voting System); além de um editorial, nas edições destas terça e quarta-feiras, respectivamente, intitulado: ‘Bolsonaro pode não ter sucesso na destruição de todos nós’ (Bolsonaro May Not Actually Succeed in Destroying Us All), assinado pela jornalista brasileira Vanessa Barbara, convidada pelo NYT. Uma charge que mostra Bolsonaro em cima de um tanque com a palavra “ditadura” ao lado chegou a ser divulgada, no país, como se fosse uma repercussão do jornal norte-americano ao desfile de material bélico, na Praça dos Três Poderes, mas a publicação ocorreu em 2018. O desfile militar fez parte da chamada Operação Formosa, que é realizada todo ano no interior de Goiás. Para isso, parte do comboio se desloca do Rio de Janeiro até o local das simulações. Entretanto, a passagem pelas ruas de Brasília não fazia parte do roteiro.

Em queda

Outra crítica a mais uma ameaça às instituições por Bolsonaro veio do jornalista norte-americano Ben Norton, do veículo investigativo Brazil Wire. Ele ressaltou que “a parada militar coloca sombras sobre as esperanças de eleições em 2022”. Ben avalia que os riscos de golpe pelo presidente são reais, e que os Estados Unidos apoiam historicamente ações do tipo na América Latina. “Precisamos ter conhecimento sobre a realidade do governo brasileiro. Trata-se de um regime autoritário e militar apoiado pela extrema-direita norte-americana. Agora, Bolsonaro e os militares forçam mudanças no sistema eleitoral. A frágil democracia brasileira está se desmantelando”, acrescentou. Já a agência inglesa de notícias Reuters destacou que Bolsonaro “tem sua popularidade em queda pela gestão da pandemia de covid-19, sendo o segundo país com mais mortes.

Parada militar

Diante deste cenário desfavorável, o presidente “tem ameaçado não aceitar o resultado das eleições no ano que vem. As pesquisas apontam para sua derrota diante do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva”. Já a agência norte-americana de notícias Associated Press (AP), uma das maiores do mundo, destacou a memória evocada da ditadura. “O anúncio da parada militar aconteceu na segunda-feira e os críticos perceberam como uma tentativa de intimidar oponentes do presidente que, frequentemente, elogia a ditadura militar do passado brasileiro”, conclui.
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