Rio de Janeiro, 05 de Outubro de 2024

Depósito milionário na conta de Cid eleva risco de delação

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Quinta, 11 de Maio de 2023 às 16:36, por: CdB

A menção a essa transferência de R$ 400 mil para Mauro Cid acontece em um trecho do relatório no qual a PF esmiúça as contas bancárias ligadas ao militar. Durante a investigação, os agentes detectaram uma prática recorrente nas transferências.


Por Redação - de Brasília

Agentes da Polícia Federal (PF) identificaram, nesta quinta-feira, um depósito suspeito de R$ 400 mil na conta do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL). Cid está preso desde a semana passada pela ‘Operação Venire’, que investiga fraudes em cartões de vacinação contra a  covid-19 do ex-mandatário neofascista; além de seus familiares e aliados próximos. O depósito foi identificado após a quebra do sigilo bancário do militar.

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Bolsonaro e Mauro Cid desenvolveram uma relação de amizade, ao longo do mandato


A menção a essa transferência de R$ 400 mil para Mauro Cid acontece em um trecho do relatório no qual a PF esmiúça as contas bancárias ligadas ao militar. Durante a investigação, os agentes detectaram uma prática recorrente nas transferências. A suspeita é de que o tenente-coronel transferia recursos de sua conta particular para outros servidores ligados à Ajudância de Ordem, ou à Presidência. Esses funcionários, por sua vez, sacariam o dinheiro em espécie e repassavam o montante – também em espécie – a amigas da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, a pedido dela.

O relatório da PF, ao qual a reportagem do Correio do Brasil teve acesso, revela ainda que os investigadores identificaram que os R$ 400 mil teriam sido depositados por João Norberto Ribeiro, tio da esposa de Mauro Cid, em 25 de março do ano passado. Norberto é sócio de Gilberto Santiago Ribeiro, irmão de Gabriela e cunhado do tenente-coronel Cid. Moraes determinou a quebra do sigilo bancário do tio de Gabriela para tentar descobrir do que se trata esse pagamento.

Dinheiro


A investigação desvendou, ainda, um possível elo com pessoas próximas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Algumas das transferências realizadas por Cid para auxiliares ligados à Ajudância de Ordem ou ao gabinete da Presidência da República teriam beneficiado Maria Helena Graces de Moraes Braga, que trabalhou no gabinete de Jair Bolsonaro entre 2015 e 2016, quando o ex-mandatário ocupava uma vaga na Câmara dos Deputados.

No dia 3 de maio, data em que foi realizada a operação na qual Mauro Cid foi preso pela PF, os agentes encontraram US$ 35 mil e R$ 16 mil em espécie na casa do militar. Existe a suspeita de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Nesta semana, foi revelado que familiares de Cid possuem imóveis nos Estados Unidos avaliados em mais de R$ 8,5 milhões.

O militar também é investigado pela PF pelo envolvimento na tentativa de liberação das joias sauditas - avaliadas em mais R$ 15 milhões - que deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio do Estado Brasileiro, mas que Bolsonaro tentou se apropriar.

Delação


Diante dos fatos novos apresentados pela investigação, o advogado Rodrigo Rocca, que exercia a defesa de Cid e é ligado à família Bolsonaro, renunciou ao caso e foi substituído pelo criminalista Bernardo Fenelon, especialista em delações premiadas e autor do livro ‘A Delação Premiada Unilateral’.

Com as alterações exigidas pela família do tenente-coronel, cresce entre os aliados do ex-presidente a expectativa de o militar prestar uma delação premiada. Pessoas próximas ao ex-faz-tudo de Bolsonaro são unânimes em afirmar que o oficial do Exército não concorda em assumir, sozinho, toda a responsabilidade sobre os crimes cometidos.

De acordo com a PF, foram forjados os certificados de vacinação de Jair Bolsonaro, de sua filha mais nova; além da esposa e filha de Cid e de outras pessoas ligadas ao ex-ocupante do Planalto. Bolsonaro, por sua vez, tenta tirar o corpo fora e deixou claro que está disposto a abandonar o ex-subordinado.

Soma-se às acusações relacionadas à vacina, o fato de Mauro Cid ter um irmão, Daniel Cid, dono de mansões nos Estados Unidos, incluindo uma propriedade avaliada em R$ 8,5 milhões na região vinícola Califórnia.

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