Cunha, que hoje apoia Bolsonaro, diz que reza todo dia para o PT não voltar ao governo

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Publicado Terça, 13 de Abril de 2021 às 14:48, por: CdB

Cunha foi cassado e preso por corrupção em 19 de outubro de 2016, depois de consolidado o impedimento contra Dilma Rousseff. Mas a gestão de Bolsonaro em meio à pandemia, que já levou ao genocídio de mais de 355 mil pessoas no Brasil, não parece perturbá-lo.

Por Redação - do Rio de Janeiro

Na campanha de lançamento do livro Tchau, Querida: O Diário do Impeachment, que chega neste sábado às livrarias, o condenado e ex-parlamentar Eduardo Cunha, que presidiu a Câmara dos Deputados durante o golpe de Estado contra a presidenta deposta Dilma Rousseff (PT), em 2016, diz agora que, se estivesse ainda na vida pública, apoiaria o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

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Cunha esteve preso em Curitiba, onde cumpria pena por uma série de crimes cometidos

Cunha foi cassado e preso por corrupção em 19 de outubro de 2016, depois de consolidado o impedimento contra Dilma Rousseff. Mas a gestão de Bolsonaro em meio à pandemia, que já levou ao genocídio de mais de 355 mil pessoas no Brasil, não parece perturbá-lo.

— Quem elegeu Bolsonaro porque não queria a volta do PT tem a obrigação de dar a governabilidade a ele. Se estivesse no poder, eu o apoiaria — acrescentou, em entrevista exclusiva ao jornalista Bruno Boghossian, do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, publicada neste terça-feira.

Decretos

O ex-deputado relatou, ainda, que o início da conspiração urdida por Michel Temer, então ex-presidente e em seguida presidente de facto do país, após o afastamento de Rousseff, ocorreu em agosto de 2015, portanto três meses antes de ele acolher o pedido. Mas negou qualquer participação no movimento que tomou corpo depois de o governo da ex-presidenta recusar-se a bancar sua defesa ante o processo de cassação.

Cunha lembra que tomou a decisão de acolher o pedido de impedimento na casa de Rodrigo Maia (DEM-RJ) em seguida, em outubro de 2015. E admite ter combinado uma alteração no pedido que havia sido protocolado por Hélio Bicudo. O objetivo do “ajuste” foi a inclusão dos decretos orçamentários de Dilma, em 2015, que caracterizariam crime de responsabilidade das chamadas pedaladas fiscais.

— No segundo momento, eu relato a decisão de aceitar o pedido, inclusive com assinatura e guarda no cofre da secretaria-geral, em 29 de outubro, aguardando o momento que eu decidisse a sua divulgação, em 2 de dezembro — afirma Eduardo Cunha.

Janela

Na entrevista, o ex-presidente da Câmara, que hoje se encontra em prisão domiciliar na mansão propriedade na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, rejeita o termo “traição” para qualificar a operação de Temer.

— A palavra traição significa rompimento de um compromisso que nem sei se existia — tergiversa.

A leitura conflita com o fato de Temer ter aceitado ser vice, defendendo o programa de governo do PT. E, tão logo viu a janela se abrindo, passou a defender o discurso e o programa do PSDB, que havia sido derrotado na eleição.

Hoje, Cunha afirma que foi um "troféu político" para que a Lava Jato sustentasse um discurso de isenção em relação ao PT.

— Tirar a Dilma e o PT já foi um ato de misericórdia de Deus com o Brasil. Que ele continue tendo essa misericórdia e não permita que o PT volte — conclui o preso.

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