Durante o período de atuação, a CPI ouviu líderes do MST, autoridades, representantes do Incra, especialistas e realizou viagens por vários Estados brasileiros que custaram aos cofres públicos ao menos R$ 66 mil, em despesas diversas.
Por Redação - de Brasília
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) foi encerrada, nesta quarta-feira, de forma vergonhosa para os parlamentares ultrarradicais que a instalaram com o objetivo claro de atacar um dos exemplos de cooperativismo mais bem-sucedidos do país. Como não foi publicada no Diário Oficial da Câmara a prorrogação do prazo para apresentação do relatório do deputado Ricardo Salles (PL-SP) e a consequente votação, encerrou-se o período legal para o funcionamento do colegiado.
Durante o período de atuação, a CPI ouviu líderes do MST, autoridades, representantes do Incra, especialistas e realizou viagens por vários Estados brasileiros que custaram aos cofres públicos ao menos R$ 66 mil, em despesas diversas.
Data-limite
O relatório foi apresentado por Salles na última quinta-feira e o prazo para votação seria nesta quarta-feira. Em seus anexos, trazia projetos de lei para enquadrar movimentos sociais como terrorismo e resgatava um projeto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando deputado, que flexibiliza o porte de armas para proprietários rurais.
Na sessão da leitura do texto, na semana passada, foi feito um pedido de vista (mais tempo para análise). Com isso, a votação só poderia acontecer após duas sessões deliberativas do plenário, conforme o regimento da Câmara. Daí, uma sessão da CPI foi marcada para a terça-feira, data-limite do prazo dos trabalhos do grupo, cuja duração já havia sido prorrogada anteriormente.
Como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não marcou nenhuma sessão deliberativa após o pedido de vista, não foi cumprido o prazo de duas sessões deliberativas para que o relatório pudesse ser votado.
Ataques
A sessão marcada para a véspera, então, foi cancelada, mas o presidente da comissão, Coronel Zucco (Republicanos-ES), chegou a dizer a interlocutores que o prazo da comissão seria prorrogado até quinta-feira, mas a informação não foi confirmada.
— Nós estamos preparados para encarar o cenário que for, inclusive de uma prorrogação e de uma votação na próxima quinta-feira. Mas, para mim, esse bate-cabeça deles só deixa explícito o quanto essa CPI não tem legitimidade, caiu no descrédito e tentou descredibilizar o MST, mas, no fundo, foi um tiro no pé dessa milícia rural, que, no final das contas, não levou a nada e nem sequer deve conseguir aprovar um relatório — disse ao site de notícias Brasil de Fato a deputada Talíria Petrone (PSOL-SP), que era suplente da comissão.
A CPI foi instalada em 17 de maio em uma sessão marcada por ataques ao movimento e pela troca de acusações entre parlamentares ruralistas e governistas. Desde então, integrantes da comissão viajaram ao interior de São Paulo e ao sul da Bahia, e ouviram dirigentes e integrantes do movimento.