A ata reiterou que os membros do Comitê concordaram, unanimemente, com a expectativa de cortes de 0,5 ponto porcentual na Selic nas próximas reuniões, e que este é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.
Por Redação, com ABr - de Brasília
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deixou claro que não pretende acelerar o ritmo de corte de juros. Na ata relativa ao último encontro do comitê, divulgada nesta terça-feira, os membros do colegiado - os diretores do BC - deixaram claro considerar necessário que a política monetária permaneça em “território contracionista” (ou seja, que induza ao desaquecimento da economia) pelo período necessário para garantir a consolidação da convergência da inflação à meta perseguida pelo banco e a “ancoragem das expectativas” (o mercado financeiro ter certeza de que o IPCA está controlado).
A ata reiterou que os membros do Comitê concordaram, unanimemente, com a expectativa de cortes de 0,5 ponto porcentual na Selic nas próximas reuniões, e que este é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.
“Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”, diz o documento.
Mandato
A ata enfatizou, novamente, que a extensão do ciclo de corte de juros ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária (considerando especialmente os componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica), das expectativas de inflação, sobretudo de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto (a diferença entre o PIB real e o PIB potencial) e do balanço de riscos.
“O Comitê mantém seu firme compromisso com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e reforça que a extensão do ciclo refletirá o mandato legal do Banco Central”, reitera o documento.
“Houve um progresso desinflacionário relevante, em linha com o antecipado pelo Comitê, mas ainda há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta, o que exige serenidade e moderação na condução da política monetária. Além disso, a incerteza, em particular no cenário internacional, que tem se mostrado volátil, prescreve cautela na condução da política monetária”, acrescenta o texto.
Persecução
Sobre o cenário fiscal, o Copom reiterou a importância da perseguição das metas.
“Com relação ao cenário fiscal, tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, diz o documento.
O colegiado também reforçou a visão de que um esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia. Esse movimento terá impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade, segundo a ata.
Para Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe da G5 Partners, a ata foi cautelosa ao não deixar aberta a porta para uma aceleração dos cortes da Selic.
— Não acho que seja uma ata em que você vislumbre uma possibilidade de aceleração no curto prazo — resumiu.