Publicado Quarta, 28 de Agosto de 2019 às 07:17, por: CdB
Os parlamentares estão lutando para impedir que o primeiro-ministro tire o país da UE sem um acordo de transição.
Por Redação, com Reuters - de Londres
O premiê britânico, Boris Johnson, irá limitar a oportunidade de o Parlamento inviabilizar seus planos em torno do Brexit ao reduzir o tempo hábil para que a Casa tente impedir um cenário sem acordo até 31 de outubro, em uma medida que enfureceu a oposição, sob alegações de insulto à Constituição.
Premiê britânico, Boris Johnson
Em seu passo mais ousado até agora para retirar o Reino Unido da União Europeia com ou sem acordo, Johnson disse que marcaria para 14 de outubro o discurso em que anunciará a abertura formal de uma nova sessão parlamentar, na qual estabelecerá a agenda legislativa de seu governo.
A medida deve fechar efetivamente o Parlamento por cerca de um mês a partir da metade de setembro, o que reduziria o tempo hábil para que os parlamentares pudessem tentar bloquear um Brexit sem acordo.
O anúncio de Johnson fez com que a libra operasse em queda em relação ao euro e ao dólar.
Questionado em uma entrevista televisionada sobre a medida ser uma tentativa e impedir que políticos adiassem a saída da UE, Johnson disse que “isso é completamente falso”.
– Haverá tempo suficiente para ambos lados da cúpula crucial (dos líderes da UE) em 17 de outubro, tempo suficiente no Parlamento para os parlamentares debaterem a UE, debaterem o Brexit e todas as outras questões, tempo suficiente.
Mais de três anos após um referendo decidir por 52% que o Reino Unido deixasse o bloco, os termos para isso, ou quando, ainda são pouco claros.
Acordo
A apenas 65 dias até a suposta data limite, os parlamentares estão lutando para impedir que o primeiro-ministro tire o país da UE sem um acordo de transição, direcionando um dos países mais estáveis da Europa a uma crise constitucional.
Na terça-feira, líderes dos partidos da oposição somaram forças para tentar utilizar um procedimento parlamentar para forçar Johnson a adiar o Brexit para além de 31 de outubro.
Ao passo que suspender o Parlamento próximo ao discurso de abertura do Parlamento é uma tradição britânica, limitar a votação parlamentar semanas antes da decisão política mais controversa em décadas despertou reações imediatas. O presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, disse que o movimento foi um “insulto à Constituição”.
31 de outubro
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que o Reino Unido deixará a União Europeia em 31 de outubro, independentemente das circunstâncias, segundo uma autoridade britânica no domingo após os dois se encontrarem na cúpula do G7 na França.
Antes da reunião, Tusk e Johnson haviam discutido quem seria o culpado caso o Reino Unido deixasse a UE em 31 de outubro sem um acordo de saída.
Johnson disse a Tusk que sua preferência ainda era buscar um acordo com a UE e repetiu que ele ainda estaria disposto a sentar e conversar com o bloco e os estados membros, disse a autoridade.
“O primeiro-ministro repetiu que deixaremos a UE no dia 31 de outubro, independentemente das circunstâncias, devemos respeitar o resultado do referendo”, disse a autoridade.
Os dois se reunirão novamente na Assembleia Geral das Nações Unidas no próximo mês.
Um funcionário da UE, que não quis ser identificado, disse que a reunião reafirmou posições conhecidas.
“Precisamos de informações do lado deles. ... O que idealmente esperávamos e procurávamos eram novos elementos para desvendar a situação”, disse uma autoridade da UE. “Mas foi absolutamente cordial o tempo todo. Não foi difícil.”
Ele acrescentou que era reconfortante que Johnson tivesse reiterado que queria chegar a um acordo.