Bolsonaristas infiltrados assumem altos cargos no governo

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Publicado Sexta, 13 de Outubro de 2023 às 20:08, por: CdB

Bolsonaristas se mantém presentes na administração do petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e assumem altos cargos, mas começam a ser desmascarados. Nesta sexta-feira, o jornalista de ultradireita Luiz Carlos Braga assinou sua demissão da autarquia, dois meses após reestrear na estatal.


Por Redação - de Brasília

A infiltração de militantes da ultradireita nas bases do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocorre de forma consistente, a ponto de integrarem altos postos de comando em setores sensíveis da administração, a exemplo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR). Responsável pela liberação de recursos, administração do conteúdo e estratégias de propaganda da nova gestão, a secretaria foi advertida para a existência de simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).

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O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, pressionou pela saída do bolsonarista


Nesta sexta-feira, o jornalista Luiz Carlos Braga assinou sua demissão da autarquia, dois meses após reestrear na estatal. O afastamento ocorreu após o site de notícias Brasil de Fato noticiar, na semana passada, que o jornalista disse, em uma entrevista ao Podcast61, em novembro de 2022, que não houve ditadura militar no Brasil. Braga também teceu elogios ao ex-mandatário neofascista e criticou a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

— Pra mim não foi ditadura, foi um governo militar — disparou Braga ao apresentador Ronan Carlos, que queria saber se ele “tomou uns cacetes da ditadura militar”. O jornalista, que trabalhou na Rede Globo entre 1981 e 2008, é filho de um militar que trabalhava nas Forças Armadas no período da ditadura.

Entendimento


Em nota sobre a presença do bolsonarista na administração do PT, a empresa foi lacônica mais uma vez: “Houve um entendimento mútuo, entre a EBC e o jornalista Luiz Carlos Braga, para ele deixar de prestar serviços para a empresa”.

Na última segunda-feira, a estatal já havia relativizado a negação da ditadura militar no país.\

“O jornalista Luiz Carlos Braga foi contratado para o telejornal Repórter Brasil por critérios estritamente profissionais. Não cabe à EBC concordar ou não com o que ele afirmou antes de vir para a empresa e na condição de jornalista”, desconversou a empresa pública.

Incômodo


Nos bastidores, conforme apurou o BdF, as declarações incomodaram o Palácio do Planalto, que fez pressão pela saída do jornalista. De acordo com fontes ouvidas dentro da EBC, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, seria o integrante do governo mais incomodado com Braga, principalmente pelo questionamento à eleição de Lula.

Quando perguntado sobre o que pensava de Lula, Braga afirmou que “é um cara que curto pela história”, mas criticou a ascensão do mandatário brasileiro ao poder.

— Me assusta o fato de você ter uma pessoa condenada em várias instâncias ter virado presidente, porque foram anuladas todas as condenações. Aí você pensa: 'Todos esses juízes estavam errados?’ — questionou.

Servidores


Na entrevista ao podcast, Braga saiu em defesa de Bolsonaro.

— Cometeu alguns erros, mas cometeu erros como todo mundo que passou na Presidência da República cometeu. Ele teve muita boa intenção, ele me lembrava muito a forma de governar do (Fernando) Collor. O Collor quando disse que não precisava do Congresso, o Congresso foi e tirou ele — contou o jornalista.

Ainda sobre Bolsonaro, Braga criticou parte da imprensa brasileira.

— Foi uma coisa muito partidária da minha profissão, dos meus colegas jornalistas. Todo mundo decidiu que não gostava do cara e vamos acabar com o cara — acredita.

Internamente, servidores da EBC se incomodam com o excesso de bolsonaristas ainda no comando da empresa. Até o presidente da estatal, Hélio Doyle, demonstrou não se incomodar com as declarações do jornalista e chegou a contornar a situação para mantê-lo na empresa, mas foi dissuadido a abrir mão do profissional.

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