Apesar do risco de prisão, Bolsonaro dobra aposta na impunidade

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Publicado Quarta, 28 de Fevereiro de 2024 às 18:46, por: CdB

Na entrevista que concedeu ao canal norte-americano de TV CNN, Bolsonaro alegou que as medidas prevista na chamada ‘minuta do golpe’ “são dispositivos constitucionais”.


Por Redação - de Brasília

Diante de um processo sem volta, no qual é apontado como o principal líder na tentativa frustrada de um golpe de Estado, no 8 de Janeiro, e sem o benefício do apoio popular, segundo pesquisa de opinião, o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar que “não é crime” planejar um estado de sítio e, nele, romper com a normalidade democrática. Para o suspeito, trata-se de um dispositivo constitucional apenas que, de forma descontextualizada, poderia ser utilizado por qualquer presidente da República.

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Bolsonaro pediu para ser anistiado, antes mesmo da condenação no STF, que poderá levá-lo à cadeia


— Isso não é crime. O estado de sítio começa convocando os Conselhos da República e da Defesa, incluindo autoridades políticas. Nada disso foi feito, sequer o primeiro passo foi dado — esquiva-se.

Na entrevista que concedeu ao canal norte-americano de TV CNN, Bolsonaro alegou que as medidas prevista na chamada ‘minuta do golpe’ “são dispositivos constitucionais”.

— Se um presidente da República estivesse pensando em usar qualquer dispositivo de forma legal, isso não é crime — repetiu Bolsonaro aos jornalistas, ao chegar ao Hospital Vila Nova Star, na Zona Sul de São Paulo, para realizar mais uma bateria de exames.

Silêncio

Bolsonaro também reafirmou que seus advogados não tiveram acesso aos autos do processo que investiga a sua participação na trama golpista e, por isso, preferiu o silêncio perante o escrivão da Polícia Federal (PF), na semana passada. 

— A minha defesa não teve acesso ao processo, não sabemos o que está lá — acrescentou.

No domingo, o ex-mandatário neofascista participou de um ato convocado por ele, na Avenida Paulista, onde negou as acusações de tramar um golpe de Estado em 2022. Durante o comício, ele pediu anistia para os condenados pelos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, e disse querer "passar uma borracha no passado" em busca de “pacificação”.

 

Conspiração


Nada do que os golpistas fizeram ao depredar os prédios dos Três Poderes, para Bolsonaro, foi uma ameaça ao Estado democrático e de Direito, pois “golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração, é trazer a classe política para o seu lado, empresários. Nada disso foi feito no Brasil”.

Para a maioria dos eleitores brasileiros, no entanto, não é bem assim que as coisas funcionam. De acordo com a pesquisa Quaest, realizada para medir a repercussão da manifestação bolsonarista, embora a maioria (68%) considere que o ato foi grande, nada impedirá que o ex-mandatário neofascista passe um tempo na prisão.

Para 50%, contudo, houve um fortalecimento da imagem de Jair Bolsonaro (PL). De qualquer forma, para 48%, o protesto "não terá influência" sobre a investigação da Polícia Federal (PF) contra Bolsonaro e aliados ou até, para 34%, "deve acelerar o ritmo" das apurações.

 

Perseguição


Sobre o impacto nas investigações sobre Bolsonaro e aliados por uma tentativa de golpe de Estado, para 34% a manifestação "deve acelerar o ritmo" das investigações, enquanto para 11% "deve reduzir o ritmo". Para a maioria (48%), no entanto, o ato bolsonarista "não terá influência". Seis por cento não souberam ou não responderam.

Segundo a pesquisa, a maioria da população (53%) não acredita que Bolsonaro esteja sendo perseguido pela Justiça, como o ex-ocupante do Palácio do Planalto quer fazer crer. Quem acredita na tese da perseguição representa 39% e 7% não souberam ou não responderam.

 

Que Jair Bolsonaro participou da trama golpista é um fato, para 47% dos entrevistados, enquanto discordam 40%. Outros 13% não souberam ou não responderam. Para metade (50%) da população, no entanto, "seria justo" que Bolsonaro fosse preso, enquanto aqueles que consideram "injusto" chegam a 39%. Dez por cento não souberam ou não responderam.

A pesquisa ouviu 2 mil pessoas entre 25 e 27 de fevereiro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiabilidade é de 95%.

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