2022 será pior que 2021

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Publicado Quarta, 29 de Dezembro de 2021 às 22:47, por: CdB

Rui Martins explica porque não há razão para se esperar um 2022 como um Bom Ano Novo. Não vale a pena abrir champagne e nem dizer Feliz Ano Novo. Haverá ainda um ano inteiro com Bolsonaro para continuar a destruição do Brasil. A confirmação da prisão de uma mulher que roubou 50,00 reais em chicletes e chocolates vai nessa linha e  lembra Os Miseráveis de Victor Hugo.

Por Rui Martins
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Não vale a pena desejar Feliz Ano Novo
Vale a pena desejar Bom Ano Novo para nós brasileiros? O que você acha? Nesse 2021, tudo foi feito para destruir tudo quanto de bom existia no Brasil e uma boa parte foi destruída. Agora, se eu digo Feliz 2022 ou estou pirado ou não entendi nada! Como posso me iludir, estourar um champagne quando chegar meia-noite, se exceto o calendário, se além do calendário, nada vai mudar! Mas haverá eleições, você me dirá. E eu perguntarei, mas quando? No fim do ano? e mesmo que o atual presidente perca, até quando ele irá governar? Até quando? Até o 31 de dezembro de 2022, ou seja, esse pior presidente que já houve no Brasil irá governar ainda um ano inteiro... este 2021 foi uma tragédia, o Brasil foi pro ralo, o mundo todo lamenta essa desgraça chamada Bolsonaro. E teremos de suportar um ano inteiro, o 2022, com ele prosseguindo a destruição do nosso país, como está destruindo a Floresta Amazônica. Hoje mesmo li uma decisão de um ministro do Supremo Tribunal Federal, o ministro Nunes Marques, indicado pelo presidente. O que foi que ele decidiu? Enquanto o presidente gasta milhões com suas viagens de férias, levando consigo sua comitiva acostumada a comer picanha, e à farta, até estourar a barriga, o ministro Nunes Marques decidiu colocar na prisão uma mulher pobre, que havia pegado num supermercado uma caixa com chicletes e chocolates, no valor de 50 reais. Ela nem chegou a ficar com os chicletes e os chocolates porque foi presa em flagrante. Não sei se essa senhora tem sua família pobre, se tem marido e filhos. Pobre não existe. Pelo jeito, pobre tem de sofrer para aprender. Minha homenagem ao ministro por esse gesto digno do inspetor Javert; imagino como votaria se coubesse a ele decidir sobre o roubo chamado "rachadinha". Neste fim de ano, uma notícia dessas acaba com minhas poucas esperanças de um Brasil melhor! Não estamos longe do tempo em que se açoitava e matava escravo que roubava um pedaço de pão. Decisões desse tipo levaram os miseráveis à Revolução Francesa, quem leu Os Miseráveis, de Victor Hugo, viu lá relatos semelhantes. É com esse Brasil do ministro Nunes Marques que termino este ano 2021. Ele ganha mais de 39 mil reais por mês. E achou que um roubo de 50 reais não é insignificante! Que num Brasil empobrecido, com um número enorme de desempregados, onde milhares de pessoas correm para disputar o que comer no lixo ou nos caminhões de lixo, sua excelência ministro Nunes Marques seja pela prisão de uma mulher pobre por uma caixa de chicletes, me impede de ver qualquer melhora no ano 2022. Mais um ano de Bolsonaro e devo dizer Feliz Ano Novo? Pois não digo, e alerto 2022 vai ser péssimo e pior que o 2021. Quando se tem um presidente que não se abala com a tragédia dos baianos, preferindo tirar férias na água morna catarinense e ministro que condena gente pobre e miserável , quando vão se gastar bilhões na campanha eleitoral e isso com votos dos parlamentares bolsonaristas mas também dos não bolsonaristas, num país assim, existe esperança, existe Feliz Ano Novo? Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu “Dinheiro Sujo da Corrupção”, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, “A Rebelião Romântica da Jovem Guarda”, em 1966. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI. Direto da Redação é um fórum de debates publicado no Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.
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