O presidente deixou claro, porém, que ele será o último a decidir quais cargos serão negociados e que não cabe aos partidos exigirem um determinado posto no governo. Atualmente, Lula não conta com uma base aliada consistente, o Congresso.

Outra posição cobiçada é a Presidência da Caixa Econômica Federal. Há duas semanas, parecia certo que o PP emplacaria Gilberto Occhi no cargo, mas agora o panorama é outro.

A parlamentar disse, ainda, estar à disposição do partido para disputar a vaga que poderá ser aberta com a possível cassação do mandato do ex-juiz suspeito e atualmente senador pelo União Brasil, Sergio Moro (PR).

Os deputados Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA) foram antecipados pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE), como os nomes apresentados pelos partidos.

Dos R$ 580 milhões previstos para o órgão em 2023, mais de 90% (cerca de R$ 540 milhões) estão reservados para indicações de deputados e senadores, cenário que força o novo ministro a negociar com o Congresso para garantir recursos para a própria pasta.

Lula negou, de forma definitiva, a intenção de substituir Nísia e afirmou que ela faz parte de sua cota pessoal na Esplanada. Segundo Lula, a ministra da Saúde não integra o rol de ministros ‘trocáveis’.

O nome do Doutor Luizinho ganhou proeminência devido à sua atuação como presidente da Comissão Externa de Combate ao Coronavírus em 2020 e 2021. Ele atualmente ocupa o cargo de secretário de Saúde do Estado do Rio de Janeiro.

Lula, no entanto, tem repetido que não pretende um quarto mandato e, quanto às pressões de Lira, líder do ‘Centrão’, impôs sua opinião ao manter Daniela Carneiro no cargo ao menos até a próxima quinta-feira, quando realizará outra reunião ministerial, no Palácio do Planalto.

Este foi o primeiro encontro entre os presidentes do Executivo e da Câmara depois da tensão da semana passada, quando a Câmara aprovou a MP dos Ministérios, que estrutura formalmente o governo Lula. A medida provisória correu sério risco de ser rejeitada ou nem mesmo ser votada.

Durante a reunião de Lula com os ministros, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), convocou líderes partidários aliados para uma reunião na residência oficial da Câmara e a agenda foi coincidente: a votação das MPs. O foco principal do governo é o de garantir a aprovação da MP que reestruturou os ministérios.

Quando os cálculos remetem ao núcleo político do Planalto, como PSB (12 votos não e 3 sim) e PDT (14 votos não e 1 sim), o resultado é que mais de um terço dos apoios que consolidaram o avanço do texto vieram da base: 99 votos no universo de 283, o equivalente a 35%.

Ligado à Igreja Universal do reino de Deus, do pastor Edir Macedo, o Republicanos - juntamente com PP e o PL - integrava o chamado ‘Centrão’, bloco de sustentação do do governo Jair Bolsonaro no Congresso, durante a maior parte de seu mandato.

Na semana anterior, Lira havia declarado que o governo não tinha votos suficientes "para enfrentar matérias de maioria simples, quanto mais matéria de quórum constitucional”. Nesta manhã, durante uma entrevista à mídia conservadora, Lira disse que a gestão petista “tem avançado”.

Na Câmara, petistas admitem reservadamente que Lira quer impor condições para entregar os votos do chamado ‘Centrão’ à aprovação da PEC. Uma delas seria o espaço garantido no governo. O impasse afeta diretamente a formação do ministério.

Presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR) tem dito a aliados que o partido não vai apresentar candidato próprio na corrida contra o parlamentar. Ainda não há ainda definição sobre quem os petistas vão apoiar na disputa, marcada para 1º de fevereiro, quando os parlamentares eleitos tomam posse.

O presidente eleito Lula também tem recebido pedidos para evitar críticas mais contundentes ao grupo político e manter algum grau de influência dos parlamentares no Congresso, mas com a transparência às emendas do chamado ‘Orçamento secreto’.

Até mesmo o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, ex-aliado do presidente, usou suas redes para repercutir a violência contra o youtuber Wilker Leão, após ser chamado de “tchutchuca do centrão” pelo jovem. O ex-aliado compartilhou uma montagem de Jair Bolsonaro dormindo com Valdemar Costa Neto, presidente do PL.

Bolsonaro parou, no início do dia, para tirar fotos e fazer transmissões ao vivo com seus apoiadores, quando Leão começou a fazer perguntas e provocações. Ele foi empurrado e chegou a levar um tombo, mas não ficou claro quem o empurrou. Irritado, o blogueiro passou a xingar o presidente de ‘vagabundo’, ‘safado’, ‘covarde’ e ‘tchutchuca do Centrão’.

Por Cleber Lourenço - Com isso, ele voltou a usar os militares do governo, em sua maioria na reserva, como patrocinadores desta delinquência, militares foram os maestros da vergonhosa reunião com os embaixadores. Evento que só não foi mais absurdo pois os comandantes das forças armadas recusaram o convite para participar do evento.

Bolsonaro, anteriormente, já havia dito que pretende recriar ainda neste ano o Ministério da Indústria e Comércio. A autarquia, caso seja recriada, atende a um pedido do chamado ‘Centrão’. O Ministério da Segurança Pública, por sua vez, serviria para agradar aos parlamentares ligados ao segmento.