Wassef volta a frequentar o Planalto, mesmo após denúncia de racismo

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Publicado Quinta, 12 de Novembro de 2020 às 15:31, por: CdB

A entrada de Wassef foi autorizada pela área de visitantes. Duas pessoas entraram no carro do advogado, que ficou parado por alguns minutos e deixou o Palácio. Procurado por jornalistas, o advogado não respondeu sobre as razões que o levaram ao local, nem com quem se encontrou.

Por Redação - de Brasília
O advogado Frederick Wassef, que escondeu o ex-assessor da família presidencial Fabrício Queiroz em seu sítio, em Atibaia (SP), voltou a frequentar o Palácio do Planalto. Wassef chegou pelo estacionamento por volta de 17h25, na véspera, em um carro branco. Wassef, algumas horas antes, fora indiciado por crime de racismo.
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O advogado Wassef indica uma clara ligação com o ex-PM Fabrício Queiroz
A entrada de Wassef foi autorizada pela área de visitantes. Duas pessoas entraram no carro do advogado, que ficou parado por alguns minutos e deixou o Palácio. Procurado por jornalistas, o advogado não respondeu sobre as razões que o levaram ao local, nem com quem se encontrou. Algumas horas antes da visita de Wasseff ao Planalto, a atendente de uma pizzaria em um shopping do Distrito Federal procurou a delegacia para registrar uma queixa de injúria racial contra ele. Wassef é ex-advogado da família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A funcionária da Pizza Hut afirma que foi chamada de "macaca" após Wassef reclamar que a pizza "não estava boa". O caso teria ocorrido no último domingo, no Setor de Clubes Sul, e foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul. A denúncia foi revelada pela revista semanal de ultradireita Veja.

‘Macaca’

Segundo a Polícia Civil, a vítima, que não teve a identidade revelada, contou aos investigadores que o advogado perguntou se a mulher teria comido a pizza e ela respondeu que não. Com a negativa, de acordo com o boletim de ocorrência, Wassef teria dito em voz alta: — Você é uma macaca! Você come o que te derem. Por meio de nota, Wassef negou o ocorrido. De acordo com ele, "tudo que foi dito pela funcionária são mentiras e calúnias". O advogado diz que é "vítima de uma farsa e armação montada". Ele afirmou que o caso foi organizado e visa "futura ação indenizatória para ganhar dinheiro". — Não chamei ninguém de macaco. A funcionária não é negra e mentiu, afirmando que eu a chamei de negra e por isso não queria ser atendido por ela — alega.

‘Rachadinha’

Aos policiais, a vítima informou ainda que o suspeito é cliente frequente do estabelecimento e que é conhecido por "se tratar de uma pessoa arrogante e que destrata e ofende os funcionários". A mulher contou que já teria sido "constrangida" e "muito humilhada" por Wassef em outras ocasiões. Wassef já representou o presidente Bolsonaro e o filho mais velho dele, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O advogado é o dono do imóvel em Atibaia (SP) onde estava Fabrício Queiroz quando foi preso, há seis meses, por suspeita de participação em esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Como a vítima compareceu à delegacia na noite passada, a apuração policial ainda está em fase inicial e, a partir desta quinta-feira, os agentes devem iniciar os interrogatórios. Por meio de nota, o advogado do grupo Pizza Hut, Bernardo Fenelon, informou que acompanhou a vítima no momento do registro da ocorrência policial. Segundo afirmou, "os fatos são inaceitáveis" e a cliente "espera que a justiça seja feita".
Leia, adiante, a nota de Frederick Wassef
"Tudo que foi dito pela funcionária do Pizza Hut são mentiras e calúnias contra minha pessoa. Sou vítima de uma farsa e armação montada. Sou vítima de denunciação caluniosa que foi organizada sob orientação de terceiros, visando futura ação indenizatória para ganhar dinheiro através desta fraude arquitetada. “Não chamei ninguém de macaco. A funcionária não é negra e mentiu, afirmando que eu a chamei de negra e por isso não queria ser atendido por ela. Foi fazer um boletim de ocorrência três dias após o fato narrado, levou fotógrafo para tirar sua foto na delegacia fazendo o B.O [boletim de ocorrência] e divulgou para a imprensa imediatamente. “Existem seguranças na porta do Pizza Hut, a poucos metros ao lado da pizzaria, que ali ficam permanentemente para fazer o protocolo da Covid 19, na entrada do shopping. Se fosse verdade o que a funcionária afirmou falsamente, teriam me prendido em flagrante e filmado com celulares. Outra mentira é que outros funcionários teriam testemunhado o narrado por ela. Ela estava sozinha no caixa e ninguém estava perto. Apenas parei no caixa para pagar a conta e fui embora. Vou comunicar a polícia deste crime de denunciação caluniosa do qual fui vítima."
E a nota da Pizza Hut
"Em razão dos recentes episódios de agressões verbais e físicas, bem como de discriminação racial/social, ocorridos na unidade da Pizza Hut localizada no Píer 21, em Brasília, por parte de um cliente contra funcionários da loja, a Pizza Hut Brasil vem a público manifestar seu absoluto repúdio aos fatos ocorridos e seu apoio aos funcionários agredidos e ao franqueado da referida unidade. A Pizza Hut Brasil vem dando todo o suporte para os colaboradores e parceiros agredidos para que os mesmos façam valer os seus direitos e para que sejam tomadas as medidas necessárias para evitar que tais atos se repitam, entre as quais a comunicação dos fatos para as autoridades competentes mediante o registro de um boletim de ocorrência contra o agressor."
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