Às voltas com ‘rachadinha’ e imóveis, ’01’ usa milhões em dinheiro vivo

Arquivado em:
Publicado Segunda, 19 de Setembro de 2022 às 11:47, por: CdB

Os dados constam das quebras de sigilo obtidas pelo Ministério Público do Estado do Rio (MPE-RJ). Flávio ainda foi apontado nas investigações como líder de uma organização criminosa que funcionava em seu antigo gabinete, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O total de desvios apurado pela Promotoria foi de, no mínimo, R$ 6,1 milhões.

Por Redação - de São Paulo
Depois de comprar 16 imóveis com pagamento parcial em dinheiro vivo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ou '01' como também é conhecido' voltou a usar do mesmo artifício para quitar despesas pessoais, pagar o salário de empregados e quitar impostos. A conta bancária de sua antiga loja de chocolates registrou também alto volume de depósitos de dinheiro vivo sem identificação. Ao todo, esse montante movimentado em espécie ultrapassa os R$ 3 milhões.
flavio.jpeg
Flávio Bolsonaro disse que os processos contra ele foram anulados
Os dados constam das quebras de sigilo obtidas pelo Ministério Público do Estado do Rio (MPE-RJ). Flávio ainda foi apontado nas investigações como líder de uma organização criminosa que funcionava em seu antigo gabinete, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O total de desvios apurado pela Promotoria foi de, no mínimo, R$ 6,1 milhões, como mostra reportagem de Juliana Dal Piva e Saulo Pereira Guimarães publicada nesta segunda-feira, no portal de notícias UOL. Os promotores afirmam que o dinheiro usado nas transações de Flávio vinha do esquema conhecido como ‘rachadinha’, no qual os funcionários do gabinete eram obrigados a devolver boa parte de seus salários, em espécie, ao então deputado. A quebra do sigilo bancário de Flávio e demais denunciados no esquema e o cruzamento de dados obtidos junto a empresas e poder público ainda revelaram dívidas quitadas que não constavam nos extratos do atual senador nem nos de sua mulher, Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro.

Gabinete

O MPE-RJ identificou pagamentos feitos com dinheiro em espécie, comprovados por documentos bancários e outras evidências em diversos casos. As investigações identificaram até despesas pagas diretamente pelos próprios funcionários do gabinete. A decisão judicial que autorizou o acesso do MPE-RJ aos dados financeiros foi anulada em fevereiro de 2021. Atualmente, a Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) refaz a investigação. Na época da denúncia, o senador Flávio negou que tenha cometido crimes. Procurado novamente pela reportagem para comentar os casos, sua assessoria encaminhou resposta em que ele diz que não sabe “com qual interesse a reportagem requenta, em véspera de eleição, uma história superada e arquivada”. — Não existe denúncia. A investigação foi arquivada pela Justiça porque era infundada e motivada por interesses políticos do grupo que nos enfrenta nessa eleição. A reportagem anterior, que falava em compra de imóveis em dinheiro vivo, confunde moeda corrente nacional, que é o real, com dinheiro em espécie. Por isso, é importante frisar: moeda corrente não é dinheiro em espécie — desconversou. A reportagem anterior do UOL, no entanto, não confunde os termos, inclusive corroborados por entrevistas com vendedores e funcionários de cartórios. O uso de dinheiro vivo não é ilegal, mas especialistas no combate à corrupção indicam que isso dificulta o rastreamento da origem dos recursos públicos.
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo