De volta ao cenário global, Lula profere discurso histórico na ONU

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Publicado Terça, 19 de Setembro de 2023 às 18:38, por: CdB

Lula também foi aplaudido quanto tocou em temas espinhosos, como a prisão do jornalista Julian Assange e os embargos econômicos impostos há décadas pelos Estados Unidos contra Cuba. Remetendo às outras participações suas no encontro, Lula foi enfático quanto à necessidade de se combater a fome e a desigualdade, destacando a falta de “vontade política” para combater as desigualdades.


Por Redação, com ABr - da ONU, NY-EUA

Em seu oitavo discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou a posição que tem adotado internacionalmente de se colocar como um porta-voz dos países emergentes nos fóruns globais. O presidente criticou abertamente a paralisia de instituições como o FMI e o Banco Mundial, além da OMC. Também se referiu ao grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia (atual Bharat), China e África do Sul (BRICS, na sigla em inglês) como uma plataforma alternativa de realinhamento das forçar geopolíticas.

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Lula volta à Plenária da ONU e mantém um discurso incisivo contra a desigualdade no mundo


— A ampliação recente do grupo na Cúpula de Joanesburgo fortalece a luta por uma ordem que acomode a pluralidade econômica, geográfica e política do século XXI. Somos uma força que trabalha em prol de um comércio global mais justo num contexto de grave crise do multilateralismo — afirmou.

 

Crianças


Lula também foi aplaudido quanto tocou em temas espinhosos, como a prisão do jornalista Julian Assange e os embargos econômicos impostos há décadas pelos Estados Unidos contra Cuba. Remetendo às outras participações suas no encontro, Lula foi enfático quanto à necessidade de se combater a fome e a desigualdade, destacando a falta de “vontade política” para combater as desigualdades.

— A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã. O destino de cada criança que nasce neste planeta parece traçado ainda no ventre de sua mãe. A parte do mundo em que vivem seus pais e a classe social à qual pertence sua família irão determinar se essa criança terá ou não oportunidades ao longo da vida — declarou.

 

Ritmo lento


O presidente afirmou, ainda, que a comunidade internacional está mergulhada “em um turbilhão de crises múltiplas e simultâneas”, das quais a desigualdade é a raiz, e também ressaltou que a Agenda 2030 da ONU “pode se transformar em seu maior fracasso”.

— Estamos na metade do período de implementação e ainda distantes das metas definidas. A maior parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável caminha em ritmo lento. O imperativo moral e político de erradicar a pobreza e acabar com a fome parece estar anestesiado — criticou.

Para o líder brasileiro, a redução da desigualdade depende da inclusão do pobre nos orçamentos nacionais e da taxação adequadas dos ricos.

 

Meio ambiente


O presidente também cobrou os países ricos quanto à recursos para se combater as crises climáticas e a proteção ao meio ambiente.

— Os países ricos cresceram baseados em um modelo com altas taxas de emissões de gases danosos ao clima. A emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implementação do que já foi acordado. Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase a metade de todo o carbono lançado na atmosfera. Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo — acrescentou.

Lula também cobrou os valores prometidos internacionalmente para a preservação ambiental.

— Sem a mobilização de recursos financeiros e tecnológicos não há como implementar o que decidimos no Acordo de Paris e no Marco Global da Biodiversidade. A promessa de destinar 100 bilhões de dólares – anualmente – para os países em desenvolvimento permanece apenas isso, uma promessa — concluiu.

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