Rio de Janeiro, 19 de Setembro de 2024

Vladimir Putin visita a Mongólia apesar de mandado de prisão

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Terça, 03 de Setembro de 2024 às 11:05, por: CdB

Putin desembarcou na segunda à noite na capital da Mongólia e foi recebido nesta terça-feira pelo presidente do país, Ukhnaagiin Khurelsukh, na imponente praça Genghis Khan, com uma grande cerimônia.

Por Redação, com CartaCapital – de Ulan Bator

Com festa e tapete vermelho, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi recebido nesta terça-feira por seu homólogo da Mongólia na capital deste país, Ulan Bator, em sua primeira visita oficial a um país membro do Tribunal Penal Internacional (TPI) desde que a corte emitiu um mandado de prisão contra ele.

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Putin desfila ao lado de Ukhnaagiin Khurelsukh, presidente da Mongólia, durante cerimônia na capital mongol, Ulan Bator

Putin desembarcou na segunda à noite na capital da Mongólia e foi recebido nesta terça-feira pelo presidente do país, Ukhnaagiin Khurelsukh, na imponente praça Genghis Khan, com uma grande cerimônia.

O evento teve muita pompa, com temas militares e os hinos nacionais da Rússia e da Mongólia, diante dos dois presidentes e de soldados mongóis vestidos da maneira tradicional.

A viagem de Putin é um desafio ao TPI, que em março de 2023 emitiu um mandado de prisão contra o chefe de Estado russo pela suposta deportação ilegal de crianças desde que as tropas de Moscou invadiram a Ucrânia em 2022.

Kiev pediu à Mongólia, país membro do TPI, que cumpra o mandado de prisão e acusou o país asiático de “permitir que o criminoso acusado escape da justiça”.

O tribunal com sede em Haia lembrou na semana passada que todos os Estados-membros têm a “obrigação” de prender as pessoas procuradas.

Na prática, no entanto, o TPI não dispõe de uma força coercitiva própria e pouco pode fazer se Ulan Bator não cumprir a sua obrigação. A Rússia não reconhece a jurisdição do TPI.

A Mongólia, um país democrático localizado entre os gigantes China e Rússia, mantém fortes laços culturais com Moscou e uma importante relação comercial com Pequim. As duas potências cobiçam seus recursos naturais e querem fortalecer sua influência.

A nação integrou a órbita de Moscou durante a era soviética. Após o colapso da União Soviética em 1991, manteve relações estreitas com os seus dois países vizinhos.

O governo da Mongólia não condenou a ofensiva russa na Ucrânia e optou pela abstenção nas votações da ONU sobre o conflito. Também não comentou os pedidos de prisão de Putin.

Ao lado de Ukhnaa Khurelsukh, o presidente russo elogiou a “atitude respeitosa” da Mongólia com a “herança histórica comum” e garantiu que os dois países têm “posições próximas sobre várias questões da atualidade internacional”.

Nas ruas de Ulan Bator, Altanbayar Altankhuyag, um economista de 26 anos, disse à agência francesa de notícias AFP que teria sido “imoral e inapropriado” prender Putin durante a sua visita.

Protesto frustrado contra Putin

O Kremlin afirmou na semana passada que não estava preocupado com a possibilidade de detenção de Putin durante a visita.

– É evidente que não havia nenhuma opção de deter Putin – disse o analista político Bayarlkhagva Munkhnaran.

– Para Ulan Bator, o atual escândalo vinculado ao mandado de prisão do TPI não passa de uma questão secundária no que diz respeito à necessidade de manter relações seguras e previsíveis com o Kremlin – acrescentou.

Nesta terça-feira, as forças de segurança impediram uma manifestação contra o presidente russo.

– Tentamos protestar contra o criminoso de guerra Putin, mas fomos detidos ilegalmente durante cinco horas – declarou Tsatsral Bat-Ochir, membro da organização ‘NoWar movement’, contrária à invasão da Ucrânia.

A visita de Putin comemora o 85º aniversário de uma vitória decisiva das forças russas e mongóis contra o Japão Imperial.

A Anistia Internacional alertou na segunda-feira que, se a Mongólia decidisse não prender Putin, isto poderia minar a legitimidade do TPI e encorajar o ex-agente da KGB, que está no poder há quase 25 anos.

– O presidente Putin é um fugitivo da justiça – declarou Altantuya Batdorj, diretor executivo da Anistia Internacional.

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