Vitória de Milei pode afastar visita do papa Francisco à Argentina

Arquivado em:
Publicado Segunda, 20 de Novembro de 2023 às 14:51, por: CdB

Durante a campanha eleitoral, Milei dirigiu repetidas acusações pesadas e insultos ao papa Francisco. Insultos que levaram os padres das "villas", as periferias de Buenos Aires, a realizar missas de reparação.


Por Redação, com ANSA - da Cidade do Vaticano


A eleição de Javier Milei para a presidência da Argentina levanta grandes interrogações sobre as futuras relações entre o país latino-americano e a Santa Sé.




papa-7.jpg
Papa Francisco na Praça de São Pedro

Durante a campanha eleitoral, Milei dirigiu repetidas acusações pesadas e insultos ao papa Francisco. Insultos que levaram os padres das "villas", as periferias de Buenos Aires, a realizar missas de reparação.


Alguns bispos argentinos também haviam condenado as declarações de Milei, mantendo, no entanto, certa neutralidade na campanha eleitoral.


É evidente que, ao passar dos comícios eleitorais para a fase de governo, as atitudes podem se suavizar em direção a posições mais conciliatórias.


No entanto, a nova Argentina ultraliberal parece, no mínimo, afastar a possibilidade de uma viagem do Papa à sua terra natal.


Recentemente, se cogitava, mais pelos meios de comunicação argentinos do que pelo Vaticano, a possibilidade de uma visita em 2024.


Mas é necessário, além do convite da Igreja local, que já foi formalizado em uma carta algumas semanas atrás, o convite também das instituições do país.


A Santa Sé não comenta no momento o resultado.


Conforme o costume, relatam fontes do Vaticano, aguarda-se o momento da posse, marcado para 10 de dezembro.


Mas é difícil pensar que a mensagem enviada a todos os neo-presidentes eleitos em seus países possa diferir em tom daqueles que normalmente são enviados: ou seja, o desejo de diálogo e promoção do bem comum, conforme o estilo da Santa Sé.


Campanha eleitoral


Durante sua campanha eleitoral, Milei afirmou que o papa tem "afinidade com comunistas assassinos" e o chamou de "representante do maligno na terra".


Ao encerrar os comícios, sua equipe também havia sugerido "a suspensão das relações diplomáticas com o Vaticano enquanto na Igreja predominar um espírito totalitário".


Declarações que levaram o recém-nomeado cardeal Angel Sito Rossi a comentar: "Pode-se criticar dizendo o que se pensa e o que se deseja, mas a terminologia usada é inegavelmente emblemática da pessoa." A Santa Sé e o papa nunca responderam a esses insultos. Pelo contrário, nos últimos dias, foi sugerido que o Papa não decidiria sobre sua viagem à Argentina com base no resultado das eleições.


No entanto, muitos leram, na entrevista de Bergoglio à Telam há um mês, uma referência, mesmo que não explícita, ao candidato argentino que agora é o presidente: "Às vezes, nos apegamos a milagres, a messias, a coisas que se resolvem de maneira messiânica. O Messias é apenas Aquele que nos salvou a todos. Os outros são todos palhaços messiânicos", disse o papa Francisco.


Enquanto isso, nos próximos dias, o papa pode se encontrar com a vice-presidente demissionária, Cristina Kirchner, que estará na Itália para alguns eventos culturais.




Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo