Visita de Flávio Bolsonaro ao capitão Adriano, na cadeia, vem à tona

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Publicado Quinta, 20 de Fevereiro de 2020 às 16:19, por: CdB

Segundo o vereador do Rio de Janeiro Ítalo Ciba (Avante), que esteve preso junto com ex-capitão do Bope, o senador Bolsonaro foi um dos visitantes assíduos do miliciano. Sargento da Polícia Militar, Ciba integrava o Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 16º BPM (Olaria), comandado por Adriano.

 
Por Redação - do Rio de Janeiro
O evidente relacionamento pessoal entre o senador Flávio Bolsonaro (sem partido/RJ) e o chefe do ‘Escritório do Crime’, o ex-policial militar Adriano da Nóbrega, volta a surgir no depoimento de um parlamentar ouvido no processo, em fase de investigação no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE-RJ).
flavio-bolsonaro.jpgEscritório do Crime
Flavio Bolsonaro visitou o chefe do , na cadeia
Segundo o vereador do Rio de Janeiro Ítalo Ciba (Avante), que esteve preso junto com ex-capitão do Bope, o senador Bolsonaro foi um dos visitantes assíduos do miliciano. Sargento da Polícia Militar, Ciba integrava o Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 16º BPM (Olaria), comandado por Adriano. Em 2003, os integrantes do GAT foram presos e começaram a responder um processo criminal por homicídio, tortura e extorsão. — Sei que ele (Adriano) se dava muito bem com o Flávio, devido ao (Fabrício) Queiroz. Queiroz trabalhou com Adriano lá atrás. Eu sei que o Adriano, de vez em quando, o Queiroz chamava pra ir lá no gabinete. Ele (Adriano) ia no gabinete, quando nós estivemos presos o Flávio foi lá visitar a gente. Mais de uma vez — disse o vereador, a jornalistas.

Amigo do presidente

Adriano da Nóbrega Silva foi citado nas investigações sobre a morte da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e acerca de um esquema de corrupção no gabinete de Bolsonaro quando foi deputado estadual, no Rio. A mãe e a mulher de Nóbrega trabalharam no gabinete do parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Sobre a morte do miliciano, Ítalo Ciba disse acreditar que o ex-colega de corporação pode ter sido vítima de uma “queima de arquivo”. Ele afirmou que Adriano pela última vez num shopping, sem lembrar a data exata, mas antes das eleições de 2018. — Foi de passagem, esbarrei com ele no shopping. Ele falou assim mesmo pra mim: "Estamos sendo perseguidos porque somos amigos do presidente. Não era presidente ainda não, devia ser deputado, candidato a presidente — lembrou Ciba. Em nota, o filho de Jair Bolsonaro confirmou que visitou o miliciano, em 2005, para entregar pessoalmente a Nóbrega a medalha Tiradentes, maior honraria concedida pela Alerj.

Perseguição

Entre outubro e novembro de 2003, Adriano e os colegas do GAT se envolveram no sequestro, tortura e extorsão de três jovens da favela de Parada de Lucas, na Zona Norte, segundo a Corregedoria da Polícia da PM e o Ministério Público. A ficha funcional de Adriano apontou que as vítimas eram levadas para um terreno baldio no antigo Mercado São Sebastião, na Penha. Nesse local, os PMs foram acusados de torturar as pessoas e depois extorquir R$ 1 mil. Ciba afirmou que o processo foi uma questão política. — Foi uma perseguição política comigo — afirmou, negando as acusações.

Caso Marielle 

O ex-capitão do Bope integrava o Escritório do Crime, grupo de matadores profissionais do Rio e suspeito de envolvimento no assassinato, cometido pelo crime organizado. Os atiradores efetuaram dos disparos em um lugar sem câmeras na região central do Rio e haviam perseguido o carro dela por cerca de  quatro quilômetros. Dois suspeitos crime estão presos: o policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-militar Élcio Vieira de Queiroz. O primeiro é acusado de ter feito os disparos e o segundo de dirigir o carro que perseguiu a parlamentar. Lessa morava no mesmo condomínio de Bolsonaro. Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos havia postado no Facebook uma foto ao lado de Jair Bolsonaro. Na foto, o rosto de Bolsonaro está cortado.

Bolsonaro

Líder do clã presidencial, Jair Bolsonaro (sem partido) ordenou a Fabricio Queiroz que não comparecesse ao depoimento no MP-RJ em dezembro de 2018, segundo registro no livro Tormenta – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos, da jornalista Thaís Oyama. De acordo com o livro, após a divulgação do escândalo do Coaf, Bolsonaro e os advogados do ex-assessor dele fecharam a estratégia de que Fabrício Queiroz iria até os promotores, mas diria que não daria declarações até ter acesso à investigação. Também negaria qualquer relação com o clã.
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