Uerj analisa campanhas públicas contra violência de gênero

Arquivado em:
Publicado Quarta, 05 de Julho de 2023 às 12:17, por: CdB

Segundo o estudo, 32% de tudo o que é produzido de campanhas e de ações de prevenção são dos poderes executivos, 23%, do sistema judiciário, e 11%, das organizações voltadas para mulheres.


Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro


A pesquisa Campanhas e Ações de Prevenção à Violência de Gênero no Brasil 2000-2018, realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), apontou que as campanhas são muito genéricas e podem não estar atingindo de forma eficaz seu objetivo.




uerj.jpeg
Apenas 25% das ações há referência a canais de denúncia

Através de uma busca sistemática na Internet e do contato direto com algumas instituições públicas e privadas, foram coletados materiais digitais e impressos de campanhas entre os anos 2000 e 2018, como cartazes, folders e vídeos, de partidos políticos, sindicatos, movimentos sociais em geral, ONGs, sistema judiciário, Parlamento e Poder Executivo nos níveis federal, estadual e municipal em cidades com mais de 200 mil habitantes.


– A maioria do material, 88%, não tem um destinatário claro, o que significa que existe um compromisso da sociedade em combater a violência, mas essas ações são muito pouco destinadas às vítimas ou ao homem agressor. Será que essas iniciativas não deveriam focar mais nas vítimas e perpetradores para se tornarem mais eficientes? – ponderou a professora Clara Araújo, do Departamento de Sociologia do Instituto de Ciência Sociais da Uerj, coordenadora do estudo.


Segundo o estudo, 32% de tudo o que é produzido de campanhas e de ações de prevenção são dos poderes executivos, 23%, do sistema judiciário, e 11%, das organizações voltadas para mulheres.


Em 56,6% das campanhas, a representação racial das mulheres vítimas é indeterminada, mas quando há cartazes em que a mulher é identificada, em 31,3% deles é branca, e em 10,2%, negra.



Canais de denúncia


Em apenas 25% das campanhas, há referência a canais de denúncia, como o Ligue 180. Os Estados que mais se destacam com mais iniciativas são Bahia e São Paulo.


– Criamos uma base de dados única, nunca antes feita, que ficará disponível para pesquisadores e outros setores, com cerca de 7,2 mil cartazes e 3 mil vídeos tratando de campanhas e outros tipos de iniciativas de combate à violência de gênero no Brasil realizados até 2018 – disse a professora.


Os resultados da pesquisa serão apresentados em um seminário, realizado nestas quinta-feira e sexta no campus Maracanã da Uerj. O estudo faz parte de uma parceria internacional com instituições acadêmicas da Espanha, de Portugal e Colômbia, que fizeram pesquisas similares.


O estudo contou com apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Programa Institucional de Internacionalização da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).




Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo