Tratamento truculento a jornalistas recebe críticas internacionais na posse presidencial

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Publicado Terça, 01 de Janeiro de 2019 às 14:25, por: CdB

Foram credenciados para cobrir a posse cerca de 1,1 mil profissionais de imprensa, sendo quase 200 estrangeiros. Os jornalistas foram orientados a seguir estritas regras de segurança, como, por exemplo, não circular por corredores.

Por Redação - de Brasília
  "Quando chegaram aos 'chiqueiros' nos quais foram confinados, jornalistas foram avisados: não pulem as cordas, se pularem, levam tiro. A que ponto chegamos. E tem gente que defende esse tipo de tratamento autoritário. Por tanto medo de jornalistas? Algo tem a esconder?", relata o jornalista Vicente Nunes, do Correio Braziliense, presente à posse.
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Jornalistas receberam tratamento truculento e foram avisados que poderiam ser alvos a tiros se não cumprissem as ordens dos militares
Esta foi apenas mais uma das mensagens de protesto deixadas por profissionais do Brasil e do exterior, em relação à truculência no tratamento dispensado aos jornalistas. Uma equipe de jornalismo de uma agência chinesa deixou o local. “Somente depois de repórteres divulgarem a situação em tuítes e zapes, as redações colocaram no ar - moderadamente - o estado da arte”, comentou o jornalista Gilberto Maringoni, em uma rede social.

Dinheiro fácil

“É muito difícil para um jornalista mandar tudo a merda e tirar o time dali. É demissão certa. O comportamento vergonhoso fica por conta das empresas. A maior parte apoiou abertamente a candidatura fascista e um pequeno número delas naturalizou Bolsonaro, como se fosse mais um entre tantos”, acrescentou. Ainda segundo Maringoni, “a lógica que rege companhias a beira da quebra é a do departamento comercial. Sequiosas por verbas publicitárias e financiamentos de bancos públicos, tremem nas bases diante da possibilidade de perderem dinheiro fácil”.

Esquema

“Assim, até noticiam a boçalidade da segurança oficial. Mervais e Sardembergues dirão que a coisa é assim mesmo, fazer o que, né? Valentia, até o início da tarde, nem pensar. Isso só vale para sem-terras, sem-tetos, homossexuais pobres, pretos e a esquerda em geral”, afirmou. Jornalistas credenciados para cobrir o ato em setores internos do plenário, como a galeria ou a tribuna de honra, foram orientados pela assessoria do Congresso a aguardar até as 13h antes de se encaminhar aos seus locais de cobertura. Ninguém pode acessar o plenário antes desse horário. A medida faz parte do esquema de segurança reforçado montado em torno de todas as etapas da posse de Bolsonaro. A sessão solene de posse foi aberta às 15h, pelo presidente do Congresso, senador Eunício Oliveira (MDB-CE).

‘Sem efeito’

Foram credenciados para cobrir a posse cerca de 1,1 mil profissionais de imprensa, sendo quase 200 estrangeiros. Os jornalistas foram orientados a seguir estritas regras de segurança, como, por exemplo, não circular por corredores. O tratamento desprezível aos profissionais de imprensa não ficou restrito aos ambientes palacianos. Em uma rede social, o segundo filho, que Bolsonaro classifica como "Pit Bull", o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) usou sua conta no Twitter para dizer que "a imprensa está desesperada". "Muitos da "imprensa" estão tão desesperados que tentam de todo jeito criar natrativas (SIC) sobre os filhos do Presidente pois sempre os desmascaram e ficam mal. Inventam que o pai desautoriza continuamente os filhos para tornar o que escrevem em algo sem efeito! Simples e sujo assim", conclui o vereador.
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