Rio de Janeiro, 05 de Outubro de 2024

Terceiro conjunto de joias coloca Bolsonaro em dificuldades

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Terça, 28 de Março de 2023 às 16:45, por: CdB

Esse terceiro conjunto foi recebido por Bolsonaro, pessoalmente, quando esteve em viagem oficial a Doha, no Qatar, e Riad, na Arábia Saudita, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2019.


Por Redação - de Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está a um passo de ser transformado em réu, no processo por peculato que tramita do Tribunal de Contas da União (TCU), após a descoberta de um terceiro conjunto de joias da Arábia Saudita, recebido durante o mandato. O estojo, que inclui um relógio cravejado de diamantes da Rolex, é avaliado em R$ 500 mil e não foi devolvido ao Erário, mesmo após ter sido flagrado no descaminho de outros bens valiosos que, supostamente, teria recebido a título de ‘presente’.

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As joias desviadas por Bolsonaro estão avaliadas em mais de R$ 20 milhões


Esse terceiro conjunto foi recebido por Bolsonaro, pessoalmente, quando esteve em viagem oficial a Doha, no Qatar, e Riad, na Arábia Saudita, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2019. No Brasil, ainda segundo apurou o diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo (OESP), o ex-mandatário neofascista deu ordens para que os itens fossem levados a seu acervo privado, o que de fato ocorreu em 8 de novembro de 2019 pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência.

Em 2022, Bolsonaro emitiu uma nova ordem, para ter o conjunto, fisicamente, em mãos. Em 6 de junho, o sistema da Presidência registra que os itens foram "encaminhados ao gabinete do presidente Jair Bolsonaro". Dois dias depois, as joias estavam "sob a guarda do Presidente da República”.

Alto luxo


O conjunto com itens de luxo está avaliado em ao menos R$ 500 mil. A caixa de joias é acompanhada do símbolo verde do brasão de armas da Arábia Saudita. Ainda segundo o OESP, Bolsonaro ficou com os itens ao fim do mandato.

Antes de entrar no sistema do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência, foi preenchido um formulário com a especificação de cada item do conjunto de joias. É registrado que não houve intermediário no trâmite das joias, segundo o Estadão.

Uma segunda pergunta questiona se o presente foi "visualizado pelo presidente". A resposta é: “sim".

Conteúdo


Integram ainda o conjunto de joias:

• Uma caneta da marca Chopard prateada, com pedras encrustadas;

• Um par de abotoaduras em ouro branco, com um brilhante cravejado no centro e outros diamantes ao redor;

• Um anel em ouro branco com um diamante no centro e outros em forma de "baguette" ao redor

Uma "masbaha", um tipo de rosário árabe, feito de ouro branco e com pingentes cravejados em brilhantes.

Em nota pública, divulgada nesta manhã, a defesa de Bolsonaro alega que "todos os bens foram devidamente registrados, catalogados e incluídos no acervo da Presidência", conforme manda a legislação. Os advogados disseram, ainda, que todos os presentes recebidos por Bolsonaro serão auditados pelo TCU, assim como aconteceu com os presidentes anteriores. Agora, segundo a nota, Bolsonaro está "à disposição" para entregar qualquer presente, "caso necessário”.

‘Presente’


Na semana passada, a defesa de Bolsonaro precisou devolver um conjunto de joias e armas presenteadas pelo governo da Arábia Saudita. O TCU determinou que ex-presidente não poderia ficar com os itens.

Segundo o ministro Bruno Dantas, para ser considerado patrimônio privado do presidente, o item teria de ser "de uso personalíssimo" e de baixo valor, o que não era o caso.

Os itens devolvidos entraram ilegalmente no país com a comitiva do ex-ministro Bento Albuquerque. Um outro conjunto de joias, que seria um “presente” para Michelle Bolsonaro, avaliado em R$ 16,5 milhões, foi retido pela Receita Federal.

Piorou muito


No afã de defender o ex-presidente, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) avaliou que a repercussão do terceiro conjunto de joias da Arábia Saudita incorporado ao acervo pessoal de Jair Bolsonaro não deve "colar" com seu eleitorado.

— A questão das joias vai ser explicada. Bolsonaro não tem cara de ladrão, não tem atitude de ladrão. Isso não vai colar de forma nenhuma na população. Temos que esquecer um pouco isso de governo Bolsonaro — disse o parlamentar, que desconhece o provérbio popular que não é preciso ter “cara”, pois “a ocasião faz o ladrão”, o que piorou muito a situação jurídica do suspeito.

Na tentativa de esconder o butim, Bolsonaro guardou os presentes recebidos durante o mandato, como jóias de diamantes, na tentativa de manter como patrimônio pessoal, em uma fazenda do ex-piloto de Fórmula 1 e bolsonarista Nelson Piquet, segundo reportagem o OESP.

Pela garagem

A propriedade, localizada no Lago Sul, em Brasília, era usada como esconderijo dos presentes recebidos por Bolsonaro, entre eles joias e armas cuja inclusão no acervo pessoal do ex-presidente tem sido questionada no TCU.

Somente itens de alto valor foram encaminhados à propriedade de Piquet e tratados como bens pessoais. Os bens valiosos saíram pelas garagens privativas dos Palácios do Planalto e Alvorada. Segundo o jornal, o primeiro pedido de envio das caixas foi registrado no dia 7 de dezembro de 2022, mas um atraso fez com que os itens só saíssem do Palácio no dia 20 de dezembro, pouco antes do fim do mandato de Bolsonaro.

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