Tentativa de assassinato de policiais divide campanha bolsonarista

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Publicado Terça, 25 de Outubro de 2022 às 11:39, por: CdB

Aliado bolsonarista de primeira hora e político da ultradireita, Jefferson foi preso pela Polícia Federal depois de tentar resistir à ordem judicial, após disparar segundo confessou, mais de 50 tiros de fuzil e lançar três granadas contra os agentes. Dois deles ficaram feridos.

Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro
O presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus assessores de campanha mais próximos tentam, desde o domingo à tarde até agora, descolar a figura do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) da imagem do mandatário, na tentativa de demonstrar apoio aos delegados federais atingidos por tiros e estilhaços das granadas atiradas pelo agora presidiário.
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Jefferson foi conduzido a um presídio, no Rio de Janeiro, após atentar contra a vida de quatro policiais federais
Aliado bolsonarista de primeira hora e político da ultradireita, Jefferson foi preso pela Polícia Federal depois de tentar resistir à ordem judicial, após disparar segundo confessou, mais de 50 tiros de fuzil e lançar três granadas contra os agentes. Dois deles ficaram feridos. Jefferson, que já estava em prisão domiciliar, foi alvo da ação por determinação de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro determinou sua prisão após o descumprimento de medidas impostas pelo STF na ação penal em que é réu por incitação ao crime e ataque a instituições.

Aliados

O episódio completo envolvendo Jefferson tornou-se um ponto de desgaste contra a campanha de Bolsonaro, sendo explorado por seus rivais. Opositores têm associado o caso a uma onda de violência política que, dizem, é estimulada pelo presidente. Desde domingo, a prioridade de Bolsonaro e de aliados tem sido a de tentar se distanciar do ex-deputado. Em entrevista ao jornal digital brasiliense Metrópoles, na véspera, Bolsonaro comparou Jefferson a um amigo que faz "besteira" e voltou a dizer que quem troca tiros com policiais é bandido.  — Tenho vários amigos pelo Brasil, se algum fez besteira o que tenho a ver com isso? No meu entender (Jefferson) tinha tudo para continuar sua batalha por liberdade, mas quando atira em direção à polícia, lança granada, de efeito moral que seja, perdeu completamente a razão e agora vai responder por tentativa de homicídio — desconversou.

Bandido

O presidente também criticou as ofensas feitas por Jefferson contra a ministra Cármen Lúcia, do STF. Na sexta-feira, o político de extrema direita comparou a ministra a "prostitutas", "arrombadas" e "vagabundas" em um vídeo publicado por sua filha Cristiane Brasil (PTB). Bolsonaro já havia chamado o ex-deputado de bandido, no domingo. O ministro Anderson Torres (Justiça), por sua vez, classificou Jefferson como "infrator". Ainda no domingo, para tentar negar vínculo com o dirigente do PTB, o presidente da República chegou a mentir e dizer que nem foto com ele teria, o que não é verdade. No dia seguinte, apresentou nova versão. — Algum repórter perguntou se (Jefferson) era colaborador da campanha. Não tenho foto dele enquanto colaborador, um absurdo. Tem foto minha de montão com ele por aí — tentou consertar.

Reuniões

Sem dúvida alguma, há diversas fotos de Bolsonaro com Jefferson, a exemplo das publicadas pelo PTB em abril e setembro de 2020. Nas redes sociais do ex-deputado, também há publicações com os dois, como uma foto publicada em abril de 2021. O político de ultradireita também foi recebido algumas vezes no Palácio do Planalto. De acordo com a agenda oficial, Bolsonaro teve reuniões com Jefferson ao menos duas vezes. A retórica de comparar o comportamento do ex-deputado ao de um bandido havia sido utilizada por Bolsonaro ao chegar na entrevista da Rede Record, no domingo em São Paulo. — E depois quando chega ordem de prisão pra ele, não importa se é legal ou não, ele recebe policiais com tiro. Quem recebe policial com tiro é bandido — diz Bolsonaro, agora. Na ocasião, o chefe do Executivo também tentou vincular o agora ex-aliado, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bolsonaro tentou ligar Jefferson ao PT, retrocedendo ao escândalo do chamado ‘Mensalão’, que estourou em 2005, após entrevista em que Jefferson delatou o caso de corrupção na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
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