Stedile transforma limão em limonada e fortalece MST, ao falar para CPI

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Publicado Quarta, 16 de Agosto de 2023 às 18:26, por: CdB

Inicialmente, a CPI, formada pela extrema direita com ruralistas, madeireiros e negacionistas, sempre buscou criminalizar a luta pela reforma agrária. Contudo, esta sanha foi perdendo força e o circo criado por apoiadores do ex-presidente inelegível, Jair Bolsonaro (PL), arrefeceu.


Por Redação - de Brasília

Próxima de um fim melancólico, a CPI do MST sofreu, na véspera, seu pior revés ao ouvir um dos expoentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), João Pedro Stedile. O economista aproveitou cada uma das oportunidades lhe concedidas, na fala aos parlamentares, para fortalecer o poder da sociedade civil organizada.

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Um dos coordenadores do MST, o economista João Pedro Stédile falou aos deputados, na CPI do MST


Inicialmente, a CPI, formada pela extrema direita com ruralistas, madeireiros e negacionistas, sempre buscou criminalizar a luta pela reforma agrária. Contudo, esta sanha foi perdendo força e o circo criado por apoiadores do ex-presidente inelegível, Jair Bolsonaro (PL), arrefeceu. As tentativas de estender os trabalhos, por exemplo, foram rejeitadas. A sessão encerrada na noite anterior marcou o fim dos trabalhos, com o relatório previsível do bolsonarista Ricardo Salles (PL-SP).

Após um revés nas condições políticas, o CPI do MST conseguiu atingir maioria de integrantes da base do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que tornou positiva a presença de Stedile, em Plenário. Na primeira fileira, parlamentares aguardavam a chegada do líder sem-terra com bandeiras e os tradicionais bonés do movimento.

Oportunidade


Isso não impediu que extremistas atacassem Stedile em sua chegada, o que provocou uma discussão acalorada ainda antes do convidado entrar na sala da comissão. Contudo, os radicais foram rapidamente suprimidos, uma vez que Stedile veio acompanhado de líderes religiosos e ativistas que pregavam paz e respeito.

— Agradeço a oportunidade de estar aqui para debater a realidade agrária brasileira, até para entender a razão da Reforma Agrária e a razão da existência de um movimento como o nosso e como outros que já foram citados — disse Stedile, após cumprimentar os parlamentares.

Em seguida, já sob ataques do relator, Ricardo Salles, conhecido por ser investigado em casos de tráfico ilegal de madeira, o líder sem-terra defendeu a luta. Ele lembrou do tamanho do MST e que, eventualmente, algum caso de ocupação irregular pode acontecer, mas que não é a regra.

— Temos 500 mil famílias assentadas. Se vocês usassem uma amostra aleatória de 1%, já seriam 5 mil famílias que vocês teriam que ouvir. Nós não podemos atribuir alguns casos, que devem existir, ao MST todo — afirmou.

Paciência


Sereno, Stedile lembrou que o MST conta com cursos de formação de base e existe toda uma estratégia de consciência e educação nos assentamentos. Também por isso, disse não ligar de ficar o tempo que fosse na comissão.

— Nós desde o início no movimento defendemos: para ser militante do MST tem que estudar. (…) Não quero abusar da paciência, mas fui claro: temos compromisso, pois somos os maiores interessados em evitar que este tipo de problema aconteça. Vocês poderiam ter ouvido, por exemplo, vizinhos desses assentados que vocês ouviram — concluiu.

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