Sem partido, Bolsonaro perde chance de integrar PRTB de Mourão

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Publicado Segunda, 17 de Maio de 2021 às 12:44, por: CdB

A agremiação repudiou, nesta segunda-feira, a proposta de entregar sua estrutura. Articuladores da proposta, ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, disseram que a recusa da legenda teve o aconselhamento de Mourão, hoje desafeto do companheiro de chapa, na eleição de 2018.

Por Redação - de Brasília

Interessado em dominar o Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), ao qual integra o vice-presidente, general Hamilton Mourão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) precisará continuar na busca de uma legenda que abrigue sua pretensão de concorrer a um segundo mandato. Por enquanto, Bolsonaro permanece sem um porto onde ancorar sua candidatura.

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O general Mourão é, atualmente, o maior expoente do PRTB e avesso ao ingresso de Bolsonaro na legenda

A agremiação repudiou, nesta segunda-feira, a proposta de entregar sua estrutura. Articuladores da proposta, ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, disseram que a recusa da legenda teve o aconselhamento de Mourão, hoje desafeto do companheiro de chapa, na eleição de 2018. O distanciamento entre eles se aprofunda, dia após dia, desde a posse.

Presidente nacional da sigla, Aldineia Fidelix negou o pedido de Bolsonaro para o comando da legenda, condição sem a qual o mandatário recusa-se a integrar o partido. Coube à viúva de Levy Fidelix, que morreu em abril, inviabilizar a entrada de Bolsonaro no partido, disseram integrantes da diretoria ao diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo (OESP).

“A conversa com Bolsonaro era conduzida pelos filhos de Levy, fundador do partido, após a morte do pai. O fator determinante para a filiação de Bolsonaro seria a disposição da legenda em dar carta branca a ele para alterar o comando de diretórios estaduais e ter peso nas decisões da Executiva Nacional. Essa condição, porém, não foi aceita por Aldineia”, diz o OESP.

Nanico

Bolsonaro chegou a conversar com os três filhos de Levy Fidelix logo após a morte do até então presidente do PRTB. Levy Filho, Karina e Lívia reuniram-se no Palácio da Alvorada com a presença de Karina Kufa, advogada eleitoral do presidente, e do ministro do Turismo, Gilson Machado.

“Levy Filho, que é secretário-geral do PRTB, e desempenha o papel de articulador político da sigla, era o mais entusiasta da ideia de filiar  Bolsonaro no partido, que não tem nenhum representante no Congresso e é considerado nanico. Ele se dispôs a dar total controle da sigla ao presidente da República. No entanto, a irmã Karina Fidelix resistia. Ela tem pretensões de exercer, ao lado do marido, Rodrigo Tavares, presidente do PRTB-SP, o comando da legenda. Livia, por sua vez, não demonstrou ter opinião fechada sobre dar ou não o aval a Bolsonaro para tomar o PRTB da família”, acrescenta a publicação.

Ainda ao diário, assessores do presidente disseram que não faria sentido Bolsonaro ir para um partido pequeno e não ter o total controle sobre a direção da legenda. “Há também negociações com outras siglas, como PMB, que mudou o nome para Brasil 35, e Democracia Cristã (DC). O presidente havia dito que definiria seu destino partidário até o fim de abril, antes disso, Bolsonaro havia dado o mês de março como prazo para sua decisão. Até agora, porém, não definiu seu destino”, continua.

Bolsonarismo

“As frustradas negociações para a ida ao PRTB e também para um eventual retorno ao PSL contribuíram para o atraso na escolha do destino. O vice-presidente do PSL, Antonio Rueda, era quem liderava o diálogo com Bolsonaro.  Auxiliares do presidente disseram ao Estadão que a volta dele à antiga sigla está descartada. A avaliação foi a de que Rueda fez várias promessas de entregar o comando do partido a Bolsonaro, mas recuou na hora de se comprometer e firmar um acordo sobre isso.  Bolsonaro deixou o PSL em novembro de 2019 após desavenças com o presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE)”, informou.

No PSL, o motivo para a saída de Bolsonaro resumiu-se à briga pelo controle do caixa da legenda. “Em 2018, o PSL se tornou uma superpotência partidária ao eleger o presidente, 54 deputados, quatro senadores e  três governadores, na esteira do bolsonarismo.  Com isso, a legenda deve ter neste ano a maior fatia dos recursos públicos destinados a partidos, de R$ 103,2 milhões”, resumiu.

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